A combinação de fatores como a baixa taxa básica de juros (Selic), que se encontra em menor nível histórico, o otimismo quanto à retomada mais consistente da economia no decorrer deste exercício, a recuperação dos níveis de emprego e a ampliação do crédito junto aos bancos promete alavancar o mercado imobiliário belo-horizontino em 2020. A expectativa da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG) vale tanto para a locação quanto para a venda de imóveis na Capital.
De acordo com o diretor da entidade, Leonardo Matos, uma vez que a conjuntura impulsione a comercialização de imóveis na cidade, o mercado de locação também será beneficiado. O principal motivo, segundo ele, diz respeito à rentabilidade do negócio, que, com a queda da Selic – hoje em 4,5% ao ano –, voltou a ser uma boa opção de investimentos frente a outras alternativas financeiras.
“Quem antes postergou a compra do imóvel por causa da crise, já começa a olhar com outros olhos para as opções de compra, diante das melhores condições. Da mesma forma, quem já tem imóvel próprio, mas deseja investir ou já é investidor, terá no mercado de locação uma boa opção”, explicou.
Diante disso, a expectativa, conforme Matos é que somente o mercado de vendas de imóveis cresça pelo menos 5% neste ano sobre o exercício anterior. Em 2019, segundo ele, deverá ser apurada estabilidade. Com isso, é possível que os preços também aumentem, já que o volume de estoques de imóveis em Belo Horizonte está baixo e é hoje um dos menores do Brasil quando comparado com cidades de mesmo porte.
“Pode ser que haja incremento nos preços, porque isso depende da oferta e demanda. E como a oferta hoje está baixa, a elevação na procura vai inflacionar os preços”, disse.
Já no caso do mercado de locação, Matos não estimou em quanto deverá crescer neste exercício, mas ele também aposta em elevação dos preços do aluguel. Neste caso, deverá ser no mesmo patamar da inflação, já que a oferta de imóveis deste tipo tende a ser maior. De toda maneira, ele ponderou que o aumento refletirá a adequação dos preços em relação aos últimos anos.
“Com a crise, houve muita defasagem nos valores cobrados e, por mais alto que seja o reajuste, ainda ficará abaixo dos cortes feitos nos anos anteriores”, justificou.
Para se ter uma ideia, o Instituto Data Secovi, mantido pela CMI/Secovi-MG, apurou que, de janeiro a outubro de 2019, o valor médio do aluguel em Belo Horizonte subiu 8,11% em relação ao mesmo período de 2018. A variação do IGP-M nesse período foi de 3,15%, o que significa um aumento real de 4,96% no aluguel.
Indústria do cimento também projeta avanço
São Paulo – Produtores de cimento do Brasil esperam ter em 2020 um crescimento de vendas próximo dos 3,5% registrados no ano passado, apoiados em perspectiva de retomada do mercado imobiliário, informou ontem a associação que representa o setor, Snic.
As vendas de cimento em 2019 somaram 54,5 milhões de toneladas, avançando em todas as regiões do País com exceção do Norte, onde a comercialização do produto caiu 1,6% na comparação com 2018. O resultado do ano passado marcou o primeiro crescimento de vendas do setor desde 2014.
Em dezembro apenas, as vendas subiram 1,6% sobre um ano antes, para 4 milhões de toneladas, segundo os dados do Snic.
“Tivemos uma efetiva redução da taxa de juros de crédito imobiliário e a introdução do novo funding, que utiliza juros prefixados acrescidos da variação do IPCA, barateando as linhas de financiamento. Há grande expectativa quanto ao lançamento de uma nova modalidade de crédito imobiliário sem a correção já divulgado pela Caixa Econômica”, disse o presidente do Snic, Paulo Camillo, em comunicado à imprensa.
Na semana passada, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que a instituição vai lançar em março uma nova linha de crédito imobiliário com juro fixo, sem correção.
O setor de cimento, que tenta se recuperar de uma crise iniciada em 2015, acumula queda de mais de 25% na produção, fechou mais de 20 fábricas e opera com capacidade ociosa de cerca de 45%. (Reuters)
Fonte: Diário do Comércio