Novas demandas em habitação provocadas pela pandemia motivaram imóveis residenciais com mais flexibilidade de espaços e incorporação de tendências
Entre muitas mudanças provocadas pela pandemia, uma das principais está na moradia. A casa virou o centro da vida, já que as medidas de distanciamento social levaram muitos a não apenas morar, mas a trabalhar, estudar e até mesmo se exercitar dentro de casa. “Houve mudanças no uso da habitação. Coisas muito profundas assim como a pandemia modificam o status quo. E algumas dessas mudanças serão incorporadas”, avalia Antonio Setin, fundador e CEO da Setin Incorporadora ao comentar sobre a nova aposta da companhia, a linha Smart Home, posicionada como a mais acessível de seu portfólio.imóveis residenciais
Segundo Antonio, a busca por imóveis que oferecem algum espaço que possa ser transformado em área de trabalho fez a incoporadora repensar o desenho das unidades. A nova linha reflete esse movimento, com sete opções de
A Smart Home, que tem três empreendimentos com lançamentos entre 2021 e 2022, também prioriza áreas próximas a eixos de transporte, como estações de metrô e corredores de ônibus. “Faz muita diferença estar próximo ao transporte. É muito maior a velocidade de vendas em lugares próximo ao metrô”, conta Antonio. “O setor não quer vender o mais caro possível, quer vender o mais rápido possível.”
A nova linha incopora ainda um hábito que a pandemia criou e que deve permanecer independente dela, a compra online. Os imóveis residenciais possuem uma área para recebimento de compras e armários inteligentes para guardá-las. “Estamos olhando para essas demandas que a pandemia está gerando e vamos implementar aquilo que acreditamos que vai ficar”, diz. A área comum ainda pode acolher oferta de serviços, como um mini-mercado para os moradores.
Os processos mais burocráticos também passaram por mudanças com a pandemia, não só a planta dos apartamentos. Segundo Antonio, faz anos que a incorporadora entrega imóveis com infraestrutura compatível com a digitalização e portas com fechaduras eletrônicas, por exemplo. A Setin chegou a ser ainda investidora anjo da hoje Nomah (antiga Uotel), de locação digitalizada e atualmente parte da Loft. Outra mudança foi no registro de incoporação, a estrutura e os contratos, que passaram a ser digitalizados. “No aspecto legal, houve uma evolução muito grande”, comemora.
Mercado promissor – imóveis residenciais
Apoiados na linha Smart Home, Setin prevê um Valor Geral de Vendas (VGV) de cerca de R$ 650 milhões para 2021. No primeiro trimestre, a incorporadora registrou 25% de crescimento, com VGV de R$ 101 milhões, mantendo uma sequência de inícios de ano com bons resultados, o que foge do padrão de setor. “Historicamente os primeiros meses do ano – janeiro e fevereiro – assim como julho e dezembro, são os mais fracos”, explica Antonio. Segundo o executivo, a virada 2018-2019, 2019-2020 e 2020-2021 contrariou a tradição.
Mas a nova onda da crise sanitária foi sentida em março e a Setin teve de adiar alguns planos que estavam previstos para o mês e rever a projeção do VGV para 2021, que no final de 2020 era de R$ 900 milhões. Ainda assim, Antonio Setin está bastante otimista para 2021.
Até porque não foi só a ressignicação da moradia que impulsionou os negócios da Setin em particular e do setor em geral. A taxa básica de juros mais baixa também deu uma boa força. Entre agosto de 2020 e março deste ano ficou em 2%. Atualmente é de 2,75% e deve se manter em patamares mais baixos nos próximos meses.
Os número da Pesquisa do Mercado Imobiliário, feita pelo Secovi na capital paulista, dão um termômetro do setor imobiliário nos últimos tempos. O ano de 2020 fechou com alta de 4,5% nas vendas de imóveis novos, puxada principalmente pelas vendas de dezembro, que foram 26,1% maiores em relação ao mesmo mês de 2019 e 103,2% a mais ante novembro de 2020. Em março de 2021, o Secovi aponta uma queda de 5% em relação a fevereiro, muito por conta do agravemento da pandemia no Brasil. Mas o período foi 77,5% acima das vendas de março de 2020. Se considerado o acumulado de 12 meses, houve um aumento de 5,9% em relação ao período anterior (abril de 2019 a março 2020).
No primeiro trimestre, o crédito imobiliário também contribuiu para os bons resultados e o otimismo. Dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) mostram que os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) cresceram 112,8% nos primeiros três meses de 2021 em relação a igual período do ano passado. imóveis residenciais
Por outro lado, o setor enfrenta o aumento de custo da construção civil. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) calculado pela FGV ficou em 12,85% no acumulado de 12 meses até abril. “Não só é dramática a questão dos preços, mas também a ausência de materiais”, diz Antonio. Para evitar que a falta de materiais impacte no andamento de obras agendadas, o executivo conta que está comprando aço antes mesmo de começar as fundações. Assim como está antecipando compra de outros materiais, como a cerâmica.
Tempos de mudanças
Para o setor imobiliário, também está sendo um desafio lidar com a velocidade das mudanças de estilo de vida dos clientes. Se antes da pandemia os modelos studio eram uma forte uma tendência, especialmente nos grandes centros urbanos, no pós-pandemia não se sabe por quanto tempo isso se sustenta. “Está difícil planejar cinco anos pra frente em um momento em que a sociedade progride a olhos vistos. Essa velocidade das mudanças deixa a gente tonto”, brinca.
Mas para o executivo não é o fim dos modelos studios. Para ele, há mercado para todos os perfis de moradia. “Um apartamento pequeno em uma cidade como São Paulo vai continuar existindo, principalmente se a economia voltar. É um espaço para estudantes ou jovens iniciando no mercado, por exemplo”.
Fonte: Época Negocios