Depois do período de intensa movimentação registrado em 2010, o mercado imobiliário passa por uma fase na qual o consumidor encontra condições mais favoráveis para comprar um imóvel novo e tentar negociar um desconto.
“No ano passado, quem precisava comprar era obrigado a fechar negócio rapidamente, porque em dois meses se vendia um empreendimento. Neste ano, com o mesmo número de lançamentos do ano passado, mas com ritmo de venda menor, as pessoas vão ter mais tempo para escolher o imóvel”, diz o presidente do Sindicato da Habitação, João Crestana.
Esse ritmo já influencia os números do setor. Balanço divulgado no início da semana pelo sindicato mostra que as vendas acumuladas de janeiro a junho deste ano na capital somaram 11.680 unidades: queda de 31,3% em comparação a igual período de 2010, quando 17.005 unidades foram comercializadas.
Neste cenário, o consumidor deve pesquisar e tentar negociar um desconto, que pode girar em torno 10%, segundo estimativa de Luiz Paulo Pompéia, diretor da Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp).
Pompéia revela que, em tese, a negociação vale para todos os tipos de imóveis e em qualquer região. “No entanto, no segmento mais popular a condição para o desconto é menor, já que as empresas trabalham com lucro mais apertado.”
Entrada – Para Pompéia, o porcentual de desconto está ligado ao sinal que o futuro proprietário pode desembolsar. “Digamos que a entrada seja de 20% do valor do imóvel. Se o comprador puder dar um valor maior, já está criada uma situação que cabe negociação.”
O economista chefe do Secovi, Celso Petrucci, acredita que seja difícil um desconto de 10% a 15% para um imóvel na planta. Porém, podem ocorrer pequenos descontos em situações específicas, como uma entrada maior, modificação do fluxo de pagamento ou antecipação de alguma parcela.
“Sempre é possível negociar essa negociação tem de ser vantajosa para as duas partes”, ressalta Petrucci, lembrando que “atualmente as condições para aquisição do imóvel novo são mais favoráveis”.
O presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Viana Neto, diz que existem duas situações nas quais é possível ao futuro proprietário negociar um abatimento no preço. Nos imóveis vendidos na planta, cujo investimento é considerado de risco, e também naqueles cujo Habite-se (auto de conclusão da obra edificada em conformidade com os projetos aprovados) ultrapassou seis meses.
Lançamento – “Neste caso, o imóvel é novo, mas não é lançamento e o consumidor consegue pechinchar”, afirma Viana Neto.
O diretor comercial da Requadra Desenvolvimento Imobiliário, Marcos França, reforça o coro e ressalta que o desconto vai depender de cada caso.
Segundo ele, nos meses de lançamento, por exemplo, dificilmente haverá essa possibilidade. Também é mais complicado conseguir pagar menos em imóveis muito demandados, como de dois dormitório, por exemplo
Mas a chance de o consumidor fechar um bom negócio não está descartada. Para França, em bairros mais distantes o desconto pode ser maior. Ele ratifica a dica de que com uma entrada maior a possibilidade de o consumidor pechinchar é ampliada. E ressalta que, em caso de antecipação de pagamentos, o consumidor também obtém benefício.
Por Regina Abrão
Fonte: O Estado de S. Paulo