Com o preço nas alturas e já sem espaço para novos empreendimentos, as tradicionais regiões de residências de alto padrão em São Paulo, como Jardins e Itaim Bibi, deixaram de ser o principal destino dos imóveis de luxo. Segundo o diretor da corretora Sotheby’s em São Paulo, Celso Francisco Pinto, há uma desconcentração dos lançamentos milionários, inclusive para a periferia da capital paulista.
“Todos os bairros são possíveis agora. Todos já produziram riqueza própria no local. Saímos daquele conceito de que o apartamento mais caro seria comprado por famílias tradicionais. O dono de uma rede de padarias em Guarulhos, por exemplo, pode ser o comprador e ele prefere ficar na região a viajar dos Jardins todos os dias”, disse.
De acordo com o presidente da Sotheby’s no Brasil, Fábio Rossi, bairros como Mooca, Casa Verde, Butantã, Jabaquara e Lapa, já possuem seus empreendimentos milionários. “Cada bairro se transformou em uma mini cidade, com seu próprio shopping e serviços especializados. Não existe mais um lugar de alto padrão, mas o melhor de cada região”, afirma.
Estilo de vida
Além de procurar maior conforto próximo do trabalho, o “novo” comprador de imóveis de luxo busca também detalhes que correspondem ao seu estilo de vida. Segundo Pinto, mais de 50% das pessoas que buscam no site da corretora não procuram mais por bairro, preço, número de suítes e metro quadrado. Eles procuram por itens como adega, serviço de massagem, quadra de tênis, campo de golfe, e até particularidades históricas da residência.
“São peças de life style. Acaba saindo da questão do preço. Pode ser até pequeno e barato, mas vai se adequar aos seus objetivos”, afirma o executivo. Essa busca pode até levar a residências em outros lugares do mundo, mas neste caso os compradores estão mais cautelosos. De acordo com o vice-presidente da Sotheby’s International, Peter Turtzo, estes compradores alugam o imóvel duas ou três vezes antes de adquirir.
“O ‘novo normal’ é ser mais cauteloso. O período de avaliação ficou muito maior que antes. Não temos mais aquelas pessoas que desciam do avião e diziam que comprariam uma casa hoje, e compravam. Agora eles experimentam por duas ou três vezes e depois compram”, afirma.
Fonte: Terra