Clientes optam por imóveis usados pelo risco menor

Levantamento feito pelo Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis) de São Paulo mostra que no estado as vendas de imóveis usados cresceram 18,83%. A alta nas vendas de abril frente a março foi puxada pelo desempenho da região do ABC somada com o das cidades de Guarulhos e Osasco. A alta foi de 108,35%, muito acima dos 20,04% registrados na Capital e dos 5,88% no Interior. No Litoral, houve queda de 1,99%. Os imóveis mais vendidos em abril, com 51,21% do total, foram os de preço final até R$ 300 mil, e maioria eram apartamentos – 63,61% do total. As casas somaram 36,39%, segundo o Creci.

Para o advogado e professor especialista em Direito Imobiliário da Faculdade de Direito de São Bernardo, Gilberto Maistro Junior, a região do ABC não parou de vender imóveis mesmo no período de maior crise e isso explica o bom resultado frente ao restante do estado. “Vejo a região com vários lançamentos, neste primeiro semestre há vários empreendimentos novos, o ritmo é o mesmo do ano passado”, analisa.

Para Maistro Junior os imóveis mais vendidos no ABC estão na faixa entre R$ 230 mil e R$ 400 mil. “São aqueles de dois dormitórios, uma vaga de garagem e com aproximadamente 50 metros quadrados, esse é o padrão que mais sai. Acima de 80 metros quadrados já passa dos R$ 450 mil”.

O professor também comentou sobre o fenômeno da alta nas vendas de imóveis usados, destacada na pesquisa do Creci. “O imóvel usado pode ter um valor menor, mas as taxas são diferentes de juros, ele atrai o consumidor pela parcela mais razoável e pela segurança, já que o comprador não tem que esperar a obra ser concluída, os riscos econômicos durante a construção. No caso de apartamento já vai ter inclusive um condomínio já consolidado”.

Para Rubens Robervaldo Martins dos Santos, delegado regional do Creci de Santo André confirma o aquecimento do mercado. “Mesmo com a crise, na região não se parou de vender. Nada comparado com o período até 2013, quando se vendia muito, depois de 2014 as vendas caíram muito, foram três anos de bastante crise, mas no final do ano passado já houve uma sensível melhora. Este ano os investidores que estavam aguardando para comprar já estão no mercado.

Santos disse que os imóveis que mais vendem na cidade são os novos na faixa entre R$ 300 mil e R$ 400 mil. “Acima deste valor é mais difícil comercializar. Os imóveis usados tem o problema da dificuldade maior de financiamento, além de muitas vezes precisarem de reforma”. O delegado do Creci andreense também lembrou a situação de Mauá, que tem pouca comercialização porque não tem lançamentos. O RD já fez várias reportagens sobre a taxa de 10% sobre o valor do imóvel, cobrada das construtoras. Trata-se da Taxa de Compensação Urbanística, criada em 2017. Essa a taxa, na visão dos empresários do setor afugenta as construtoras da cidade.

Locação

A pesquisa do Creci também mostrou que a locação subiu no estado em 8,82% em abril comparado a março; na região do ABC somada a Guarulhos e Osasco, a alta foi de 16,81%.

A curva ascendente de vendas e locação, segundo o presidente do CreciSP, José Augusto Viana Neto, é consequência do “ajuste forçado” de preços que os proprietários de imóveis estão fazendo para vender ou alugar. “As pesquisas do CreciSP mostram repetidamente que as vendas se concentram em imóveis de menor valor, que sem desconto não se fecha negócio e que quem não cede a essa depressão dos mercados fica com o imóvel fechado por muito tempo”, afirma Viana Neto.

De acordo com o delegado do Creci de Santo André, a locação está em alta, pois há muita oferta de imóveis e o proprietário que tem urgência em alugar, aceita negociar. Essa negociação pode representar um desconto entre 5% e 10%. “Isso porque tem muita oferta e sempre tem uma proposta de redução”, comenta Santos.

Distrato

A lei do Distrato, que completa seis meses de aprovação nesta quinta-feira (27/06), apontada pelos empresários da Construção Civil como o grande avanço do setor, ainda não surtiu efeito em lançamentos na análise do professor da Faculdade de Direito. “Era algo que preocupava as incorporadoras porque a Justiça chegava a determinar a devolução de 90% no caso do consumidor desistir da compra. A jurisprudência não era uniforme. Sem dúvida alguma que haverá um fomento, pois foi um passo para a retomada do crescimento do setor, mas não houve ainda esse crescimento de forma concreta”, avaliou Gilberto Maistro Junior.

Fonte: Repórter Diário

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