USP divulga expectativas para mercado imobiliário em 2011

Mercado de shoppings centers aquecido em cidades pequenas, alto investimento em edifícios corporativos de alto padrão nas capitais, demanda por imóveis residenciais ainda maior que em 2010 e aumento de parcerias e joint-ventures são as expectativas do Comitê de Mercado do Núcleo de Real Estate da Poli-USP para o mercado imobiliário brasileiro em 2011.

O comitê, formado por professores e pesquisadores do NRE e profissionais de destaque do setor, reuniram-se no último bimestre de 2010 para debater oportunidades, desafios e riscos esperados nos segmentos de shopping centers, edifícios de escritórios e residencial, tomando como subsídio não só o comportamento do ano passado, mas também o que se pode vislumbrar sobre os impactos da economia mundial e da política econômica proposta ou evidenciada pelo novo governo.

A confiança na economia e a soma dos medos (renda de emprego no vetor mercado, taxa referencial de juros no lado do investimento e expectativa de inflação na vertente investimento para proteção de riqueza acumulada) foram reconhecidas pelo estudo como as principais âncoras do comportamento do mercado.

Shopping centers

No segmento de shopping-centers, o comitê aponta tendência de aquecimento em pequenos centros urbanos do interior do País (até 200.000 habitantes), em razão do crescimento do poder de compras das classes de renda C, D e E.

De acordo com o relatório apresentado, essa demanda poderá ser atendida por meio da implantação de empreendimentos que exigirão montantes de investimento mais contidos do que nos grandes shoppings regionais implantados nas cidades de maior potencial de mercado no Brasil, agregados ao crescimento do segmento das franquias. A desconcentração de investimentos em projetos de menor escala (até 10.000 m² de ABL) pode permitir que um novo conjunto de empreendedores venha a se somar às grandes corporações atuantes no mercado brasileiro e até mesmo o advento de fundos imobiliários especializados.

Nos grandes centros, os especialistas destacam duas tendências:

a) um movimento contínuo de revitalização dos shopping-centers existentes, em razão da multiplicidade de alternativas à disposição do consumidor e da competitividade crescente entre os diferentes empreendimentos;

b) a entrada no mercado brasileiro de novas marcas de expressão no exterior, com foco no poder de compra dos consumidores das faixas de renda mais altas.

Edifícios de escritórios

O Comitê de Mercado do Núcleo de Real Estate da Poli-USP vê o desempenho do investimento em edifícios de escritórios corporativos de alto padrão com otimismo, particularmente para implantação nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, mas também nas principais capitais brasileiras, uma vez que a demanda permanece comandando os movimentos do mercado, evidenciando-se que há necessidade de espaços novos para as maiores corporações atuando no mercado brasileiro.

Apesar de reconhecerem que a simples busca por espaços de melhor qualidade seja um fator gerador de demanda, os especialistas consideram, no entanto, que a alta verificada nos preços de locação de escritórios de alto padrão coloca um ponto de dúvida sobre o potencial de ocupação de novos espaços corporativos AAA: custos elevados podem levar empresas a buscar espaços fora dos grandes centros, para instalar unidades de serviços de suporte, para as quais não tenham a necessidade de acentuar a imagem da corporação junto ao mercado.

Em relação aos preços de venda e de locação de espaços corporativos, os especialistas apontam tendência de manutenção nos escritórios de padrão médio e, para escritórios partilhados em pequenas unidades, destinados ao atendimento da demanda de técnicos e profissionais liberais que atuam isoladamente ou mesmo em pequenos grupos, esperam ligeira baixa nos preços de venda e manutenção dos preços de locação.

Segmento residencial

Para o mercado residencial, o comitê espera que a demanda em 2011 seja maior que em 2010, especialmente nos segmentos de média e baixa renda. O comitê aposta que as empresas de real estate deverão se concentrar no atendimento tanto do crescimento orgânico dos atuais mercados, como do Programa “Minha Casa, Minha Vida”.

Estratégias de atuação e captação de recursos

Os membros do Comitê de Mercado acreditam que as empresas do setor utilizarão parcerias locais e joint-ventures como estratégias de atuação nas regiões geográficas distintas das suas matrizes com maior intensidade, ao mesmo tempo que a instalação de unidades operacionais próprias fora dos escritórios centrais parece uma tendência a ser abandonada, com exclusão dos grandes centros de São Paulo e Rio de Janeiro, eventualmente Brasília.

Como forma de captação de recursos para investimento, os especialistas acreditam que as empresas irão recorrer mais ao endividamento do que à captação no mercado de capitais e que os novos recursos financeiros estarão mais concentrados em grandes empresas e menos dispersos entre empresas médias.

Segundo o comitê, para 2011, não há preocupação quanto à disponibilidade de crédito imobiliário em volume suficiente para atendimento da produção e comercialização de imóveis residenciais, usando os mecanismos do SFH, com uma crescente influencia das operações estruturadas, em volume relativo ainda pequeno.

Por outro lado, há forte preocupação quanto à mão de obra de construção, cujo déficit de pessoal qualificado poderá acarretar acréscimo de custos e pressionar para cima o nível do risco dos investidores.

O relatório produzido pelos membros do comitê enfatiza que as empresas brasileiras planejam suas estratégias de atuação sem o apoio de indicadores adequados e confiáveis sobre a demanda habitacional nas diferentes regiões do País e nos diferentes segmentos do mercado. O efeito dessa falta de informação é indutor de desequilíbrios entre oferta e demanda. O mesmo ocorre com informações sobre velocidade de vendas, que, extraídas somente em alguns mercados por meio de indicadores que não retratam a intensidade da oferta, mas somente a relação entre venda e oferta, pode induzir decisões inadequadas.

São membros do Comitê de Mercado do NRE-Poli: Alessandro Olzon Vedrossi; Alex Kenya Abiko; Carlos Terepins; Cláudio Bruni; Claudio Tavares de Alencar; Daniel Citron; Eliane Monetti; Eric Cozza; Fernando Bontorim Amato; João da Rocha Lima Jr.; José Romeu Ferraz Neto; Marcelo Vespoli Takaoka; Mario Rocha Neto; Pedro Cortez; Roberto Aflalo Filho; Roberto Sampaio; Sergio Alfredo Rosa da Silva; e Walter Luiz Teixeira.

Fonte: Imóvelweb

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