O período de confinamento que nos leva a estar muito mais tempo do que já estivemos em casa e em uma relação de proximidade com nosso imóvel certamente vai mudar nossa relação, seja por desencanto por onde moramos, seja pela visão de que não precisamos mais do que isso. imóveis
Além disso, a iminente redução de dinheiro no mercado, o já esperado desemprego em alta (fala-se em mais de 15%) e um possível desânimo da população irá atingir em cheio nossas rotinas e nossos hábitos de consumo. Em princípio as pessoas passarão a prestar mais atenção no imóvel por conta de espaços (ou a falta dele), manutenção, localização e valores envolvidos. imóveis
De acordo com pesquisa do DataZAP, no final de março, 60% das pessoas disseram que o coronavírus diminuiu muito a busca por imóveis, enquanto que 18% disse que diminuiu pouco e outros 18% que permaneceu igual. Esse fenômeno obviamente acontece por mais gente estar em casa procurando coisas pra fazer e uma delas sempre é bisbilhotar em sites de anúncios de imóveis, mas o ânimo da maioria ainda não permite que iniciem suas compras.
O que mais chama a atenção é que dentre as razões para a mudança no processo de busca, a impossibilidade de visitas corresponde a apenas 20% enquanto que a insegurança financeira (18%) e o risco de contaminação (10%) somam 28% sendo apenas 7% aqueles que disseram que desistiram de pesquisar. Ou seja, a visita física não é tão impactante o que leva a crer que é possível comprar um imóvel sem ir até ele.
Quanto aos profissionais do mercado imobiliário 6 em cada 10 acredita que os preços irão cair e o mais importante, tem a percepção de que a recuperação será ainda em 2020 (38%) e no máximo em 2021 (31%).
A relação com os imóveis pós pandemia irá revolucionar o mercado, como o fará na transformação digital. Demandas importantes dos compradores e que o mercado insistia em negar ou ignorar entrarão na pauta como disponibilizar aos clientes o endereço completo do imóvel para que o interessado pudesse pesquisar sobre a região, rua e vizinhança. Na referida pesquisa, 63% dos que desejam comprar e 57% dos que querem alugar pedem o endereço completo.
Com o impedimento de ir ao imóvel, 38% pede visitas virtuais com ferramentas de vídeo, uma das questões delicadas para o mercado brasileiro não apenas pela tecnologia não estar disponível para todos (financeiramente falando), mas pelo receio de que o comprador faça uma visita em meu site e compre de meu concorrente que não investiu nada para o processo, fator gerado pela falta de exclusividade na venda de imóveis no Brasil, ao contrário dos Estados Unidos onde isso é uma obrigatoriedade, por exemplo.
Estar confinado em seu próprio imóvel tem feito muita gente pensar em uma mudança, seja não mudando de moradia, mas ajustando as coisas, seja trocando de ares. O aumento de divórcios (pela possível discussão de casais que se encontravam pouco e agora descobriram que não tem muita afinidade) ou ao contrário, pelo amor e afinidades que se renovam e acaba gerando filhos, terá impacto no segmento. No primeiro caso um downgrade e no segundo um upgrade de necessidades.
Em pesquisa realizada pela Brain Inteligência Corporativa 55% das pessoas não desistiram de comprar seus imoveis. Cabe ressaltar que os outros 45% desistiram temporariamente por óbvias razões.
Como a maioria ainda tem desejo de comprar seja agora ou mais adiante, está mais do que na hora dos vendedores (corretores de imóveis, incorporadoras e proprietários) aprenderem a vender os imóveis sem a necessidade de visita. Sim isso existe e é possível. Não acontece principalmente pela dúvida que o comprador tem de que tudo está sendo mostrado, mesmo os defeitos e as imperfeições. O que é público o comprador encontra na web, mas os detalhes ele quer conhecer, estar ciente de tudo. Mesmo que seja uma rachadura, uma infiltração.
O medo de ser enganado é maior do que da pandemia. Como o imóvel é muito provavelmente o maior investimento que o comprador fará na vida, a maior TED que enviará, ele precisa estar seguro de tudo e isso só se dá com transparência total.
A maioria das imobiliárias não tem um dossiê completo e bem produzido dos imóveis que vende. Tem fotos, arquivo, documentos, mas tudo em uma pasta que somente o dono da imobiliária tem acesso e só usa a tal pasta quando o comprador aparece para comprar e não desde o primeiro contato.
A conclusão óbvia que o benefício desse momento é a reflexão de que ideias e desejos que tínhamos, mas não era possível serem implantados principalmente por medo da inovação, agora não só podem, como devem ser colocados em prática. Os projetos e as ideias tem que sair da gaveta e irem para o mercado.
Não só os compradores serão afetados pela pandemia, mas os profissionais do setor o serão ainda mais. Quando o negócio é fechado, os profissionais têm outros tantos a fecharem, avida continua do mesmo jeito. O comprador encerra o ciclo e nada muda.
O comprador agora tem tempo. É preciso atrair e reter sua atenção com encantamento.
Por Heitor Kuser – kuser.com.br