Dados da Caixa mostram que prazo se consolida como mais adotado por quem pretende obter crédito na hora de comprar imóveis de valores mais altos
Jennifer Gonzales, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO – Muitos têm essa dúvida: em quanto tempo financiar um imóvel, em 15, 20 ou 30 anos? Se você, leitor, faz parte dos que estão se decidindo por financiamento no prazo de 25 a 30 anos, por exemplo, você fará parte dos 55,1% que escolheram esse limite ao contraírem empréstimo na Caixa – instituição que detém 70% dos financiamentos imobiliários no País -, pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Esse número representa a consolidação do fenômeno que surgiu em 2007, quando o tempo de financiamento imobiliário se estendeu até 30 anos.
Segundo o gerente regional de Habitação e Construção Civil da Caixa, Nedio Henrique Filho, desde então um número cada vez maior de pessoas vem optando por ampliar o prazo de pagamento. Dados do banco – que financiou mais de R$ 70 bilhões em imóveis em 2010 – mostram que, em 2005, o prazo médio dos optantes pelo SBPE (famílias de renda média alta e alta renda) era de 180 meses, ou 15 anos. Já em 2010, o prazo médio subiu para 25 anos.
O mesmo fenômeno ocorreu para quem usou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o FGTS (famílias de baixa e média renda), com financiamento pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Em 2005, o prazo médio para compra a prazo era de 10 anos. Em 2010, pulou para 20 anos.Pelo FGTS, 73,8% dos que obtiveram crédito optaram por quitá-lo no período de 20 a 25 anos.
“Há forte tendência de ampliação do prazo médio de amortização dos imóveis”, diz Henrique Filho. “O cenário começou a mudar em 2007/2008 com o aumento da oferta de crediário, da produção de imóveis e a extensão do prazo de financiamento para até 30 anos. Outro fato importante é a crescente participação de mutuários abaixo dos 35 anos no número de contratos de compra.”
Se em 2000 esse grupo adquiriu pela Caixa apenas 0,1% dos imóveis com valores entre R$ 200 mil e R$ 500 mil, o número pulou para 3,5% entre janeiro e maio de 2010 (somente esse período estava disponível pelo banco até sexta-feira). Já na faixa dos imóveis com valores de R$ 80 mil a R$ 130 mil, o porcentual dos financiamentos subiu 15 vezes: em 2000, esses clientes somavam 1,2% e, no ano passado, atingiram 16%. No total dos imóveis financiados, a participação dos mutuários de até 35 anos passou de 51% em 2000 para 56,9% em 2010.
Prestação. O grupo dos acima de 35 anos, por sua vez, sofreu queda de participação, embora não tenha ocorrido de maneira ininterrupta. Desde 2001, sua participação (49%) passou a registrar queda até 2006 (45%). No ano seguinte, recuperou-se e foi para 46,2%. Em 2008, porém, voltou a cair e, no ano passado, foi para 43,1%. “Numa economia estável e boa oferta de crediário, pessoas mais jovens criam coragem e fazem financiamento”, diz.
A escolha por prazos maiores para a amortização da dívida, conclui o executivo da Caixa, tem relação direta com o valor das prestações. Quanto mais anos para pagar, mais diluído fica o pagamento e, por consequência, as prestações são mais baixas. “Em uma comparação livre, o mesmo se dá quando as pessoas escolhem comprar uma geladeira, TV ou automóvel em muitas prestações”, diz o gerente regional da Caixa.
“No caso da nossa instituição, a taxa de juros é a mesma tanto para quem faz um financiamento em cinco anos quanto para quem faz em 30 anos. Em compensação, os juros vão rolando em cima do valor da dívida, e a pessoa acaba pagando mais quanto maior o número de anos de financiamento”, diz o executivo.
Fonte: O Estado de São Paulo