Atividade tem atraído muitos profissionais de outras áreas
Bruno Destefani tem apenas 23 anos. É um dos mais jovens da equipe na empresa em que trabalha atualmente. Ele ainda não tem casa própria, mas já intermediou a realização do principal sonho de muitos brasileiros. Bruno é corretor de imóveis há dois anos e meio e nunca imaginou que um dia ingressaria nessa profissão.
Formado em comércio exterior, o corretor tentou a sorte na profissão, incentivado pela ex-namorada, e planeja construir um futuro promissor depois de ter concluído um curso à distância com duração de seis meses no Ebrai. “Era assistente comercial numa empresa de tecnologia e decidi mudar de profissão. É uma carreira instável porque recebemos comissão pelas vendas. Mas deu muito certo”, afirma.
O jovem corretor se especializou na venda de apartamentos usados. E para poder aperfeiçoar-se apenas nessa área, foi obrigado a trocar de imobiliária, onde era obrigado a trabalhar também com locação e venda de apartamentos novos. “Tenho percebido que, quando se trabalha com foco, o êxito é maior”, diz. Na sua opinião, o mercado está bastante competitivo, resultado da proliferação de profissionais atraídos pelo boom do mercado imobiliário, a partir de 2004.
“Houve um tempo em que o cliente vinha atrás do corretor. Hoje, com a comodidade oferecida pela internet e o grande número de profissionais, é preciso encontrar o cliente e saber exatamente o que ele deseja”, explica. Sobre o mercado no momento atual, ele afirma que os preços deixaram de ser absurdos como no passado recente. “É preciso se entregar e trabalhar muito para progredir”, resume.
Perfil de grande parte dos corretores
Bruno é um caso raro no mercado imobiliário, pois não corresponde ao perfil de grande parte dos corretores atuantes no Estado de São Paulo. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Viana Neto, a atividade tem atraído muitos profissionais de outras áreas, que ingressam nesse mercado e desempenham uma dupla função.
“Como a atividade da corretagem imobiliária pode ser exercida de qualquer lugar, há muitos gerentes de bancos, por exemplo, que se inscrevem como corretor para fazer negócios com os clientes da instituição financeira”, afirma. De acordo com ele, atualmente, há médicos, advogados e administradores inscritos no Creci para trabalhar com venda e locação de imóveis e aumentar a renda, sem abandonar a profissão original.
Mas nem todos obtêm êxito profissional. Para quem pensa em atuar nesse mercado, o presidente do Creci avisa que é preciso ter conhecimentos sólidos em tributação, lucro imobiliário, direito imobiliário, marketing, desenho arquitetônico etc. E a qualificação precisa ser constante quando o assunto é legislação, pois as mudanças nas regras do mercado imobiliário acontecem em velocidade absurda e é preciso acompanhar sempre para não perder o cliente e as vendas, principalmente.
“É difícil vencer. Há gente que pensa que vai ganhar rios de dinheiro e não ganha nada”, avisa. De acordo com dados do Creci, a renda média de um corretor de imóveis no Brasil é de 7 salários mínimos. Em São Paulo, o valor é um pouco mais alto, chegando a 10 salários mínimos. Nesse mercado, há casos de corretores que chegam a ganhar R$ 300 mil por mês. Como existem aqueles que não ganham nada e acabam desistindo. No Estado de São Paulo, existem atualmente 143 mil profissionais registrados no Creci, sendo 101 mil ativos.
Técnico em Transações Imobiliárias
O Creci exige a conclusão do curso Técnico em Transações Imobiliárias, que pode ser feito de forma presencial ou à distância. Há vários cursos sendo oferecidos no mercado nas duas modalidades. O Centro Paula Souza, um dos mais requisitados pela gratuidade, por exemplo, oferece um curso presencial com duração de um ano e meio, mas é preciso passar no que a coordenadora da Etec Sapopemba, Joyce Mendes da Silva, chama de pré-vestibulinho.
São formadas turmas de cerca de 40 alunos e o curso é relativamente concorrido, na proporção de 1,3 alunos por vaga. O curso é oferecido nos municípios de Praia Grande, Jaú, Bauru, Nova Odessa, Ourinhos, Ubatuba e São Paulo. “A parte de legislação é muito forte”, avisa a coordenadora. O aluno sai do curso com noções de direito, com ênfase na área civil, lei do inquilinato, parcelamento do solo, lei do condomínio, entre outras áreas. Mas nem tudo é teoria. É preciso gostar um pouco de matemática, pois há cálculos a serem ensinados.
Desde o primeiro trimestre deste ano, os alunos têm tido um número maior de aulas de avaliação mercadológica, em que a matemática financeira e estatística são mais focadas. “Pela legislação, corretores podem fazer avaliação de valor de imóveis, que é uma função a mais dentro da atividade”, explica. Em outras palavras, com a certificação, o profissional pode se especializar em avaliação e atuar somente nessa área. Atualmente, o curso é procurado por pessoas na faixa de 30 e 40 anos.
Fonte: Vagas Profissões