Home Office – Pesquisa mostra que 73,8% das empresas vão manter trabalho em casa depois da pandemia.
O número de multinacionais que adotam o home office no Brasil deve mais do que dobrar no Brasil depois da pandemia do coronavírus, como consequência do efeito da “mostra grátis” que as companhias tiveram devido à quarentena.
É o que aponta uma pesquisa com 122 executivos feita pela Cushman & Wakefield, uma multinacional de gestão de escritórios corporativos e divulgada pela Exame, na qual 73,8% disseram que pretendem instituir o home office como prática definitiva no Brasil após a pandemia.
Antes da crise, a cifra de companhias que tinham práticas de home office era de 33,6%. A maior parte das empresas (42,6%) nunca tinham adotado a prática e 23,8% das companhias, o home office não passava de uma possibilidade em análise.
O “experimento coronavírus”, por tanto, manteve os que já adotavam a prática, convenceu todos os que estavam estudando o assunto e ainda agregou mais alguns.
O intuito em autorizar o home office mesmo após a pandemia se explica pela avaliação favorável à prática.
Para 25,4% dos entrevistados, a experiência do trabalho remoto é totalmente positiva, enquanto para 59% há mais pontos positivos do que negativos.
Apenas 2,5% dos executivos ouvidos disseram que a experiência é totalmente negativa e outros 13,1% afirmaram que há mais pontos negativos do que positivos.
No setor de TI, a movimentação prevista pela pesquisa já está acontecendo.
O projeto mais ousado até agora é o da Stefanini, que anunciou a meta de que metade do time trabalhe em home office num prazo de 12 a 18 meses, sendo 60% dessa equipe de maneira permanente e outros 40% de maneira parcial.
É uma mudança enorme para uma empresa que tem 25 mil funcionários (14 mil no Brasil) e tinha antes da crise uma prática mínima de home office, limitada a 120 profissionais na Europa.
Isso era assim, é claro, até a entrada em cena do coronavírus: hoje, mais de 90% dos 25 mil colaboradores em todas as regiões estão em home office há dois meses.
Outras empresa que está avaliando uma migração pesada para o home office é a XP, que recentemente alongou o trabalho em casa para seus funcionários até 2020 e disse estar estudando uma adoção permanente.
Medidas de postergação até o final de 2020, aliás, estão se tornando cada vez mais frequentes no Brasil, o que indica que ninguém está muito apressado para retornar à realidade pré-coronavírus.
Essa migração para o trabalho em casa terá consequências no mercado imobiliário, provavelmente o motivo pelo qual a Cushman & Wakefield decidiu pesquisar o tema.
Essa mudança no mercado de trabalho pode ter implicações diretas no mercado imobiliário.
Segundo 29,5% dos executivos, a empresa deve reduzir o espaço físico no futuro por conta do sucesso do home office, enquanto outros 15,6% apontaram que a diminuição deve ocorrer por questões econômicas relacionadas à pandemia.
Nos dois casos, a redução deve ser de 10% a 30% do total de metros quadrados. Por sua vez, 35,2% dos entrevistados disseram que ainda não é possível definir se vão mudar algo nos escritórios, e somente 19,7% cravaram que não haverá redução de espaço físico no futuro.
O novo cenário, no entanto, não deve impactar o valor dos aluguéis. Ao menos, no curto prazo. Isso porque os contratos têm duração média de três anos, e a pressão pontual nos preços não costuma levar a renegociações.
Hoje, a vacância de lajes corporativas de alto padrão na cidade de São Paulo está na faixa de 16%, enquanto na cidade do Rio de Janeiro é de 33,9%.
Por: Maurício Renner
Fonte: Baguete