Índice de reajuste de aluguel cai, mas redução não chega a inquilinos

O poder de negociação do reajuste de aluguel está com o inquilino independentemente do índice

Apesar de ter havido deflação no aluguel em 2017, a redução de preços pode não chegar a todos os inquilinos. O IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado), que reajusta a maioria dos contratos, fechou dezembro com queda acumulada de 0,52% no ano. É a primeira deflação anual do índice desde 2009, quando recuou 1,72%.

O IGP-M tem registrado variação negativa desde junho de 2017. “O resultado deste ano tem relação com a supersafra, que puxou os preços dos alimentos para baixo. Há também o efeito da recessão e do desemprego, que gera menos renda para o consumo e menor espaço para reajuste de aluguel “, explica André Braz, economista do Ibre-FGV, responsável pelo índice.

A redução de dezembro tem efeito em contratos ajustados pelo IGP-M com aniversário em janeiro de 2018. “Mas a maioria limita o reajuste a um desempenho positivo do índice. Em caso negativo, fica tudo igual”, afirma José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP (conselho de corretores).

Segundo Mark Turnbull, diretor de locação do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário), no entanto, esse tipo de cláusula tem ficado mais rara. “Quando é negativo, o proprietário não gosta, mas, se está em contrato, tem que atualizar para cima ou para baixo”, diz.

Mesmo sem impacto direto no contrato, o IGP-M negativo acaba influenciando na negociação, aponta Viana Neto. “O locatário quer manter o bom inquilino e precisa ver se não compensa baixar em 2% a 3% o valor a perder aquele locador para um imóvel mais em conta”, afirma.

Segundo Braz, em um cenário de oferta de aluguel superior à demanda como o atual, “o poder de negociação do reajuste de aluguel está com o inquilino independentemente do índice”.

Para 2018, Braz prevê que o IGP-M deve voltar a subir. “A agricultura não deve ser tão favorável, acelerando o preço dos alimentos. Com a economia dando sinais de aquecimento, haverá aumento de renda e de consumo, pressionando a inflação.”

Fonte: Correio do Estado

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