Imóvel: custos da sustentabilidade não são repassados ao consumidor

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São Paulo – O custo para construir um imóvel “verde” pode ser de 3% a 8% maior do que o comum, dependendo da tipologia dele (comercial, residencial, casa ou edifício) e do grau de sustentabilidade.

Porém, de acordo com o diretor de Sustentabilidade do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), Hamilton de França Leite Júnior, esse montante não tem sido repassado para o consumidor final, e sim incorporado pelas empresas.

“Vemos que se o consumidor tem duas opções de imóveis com as mesmas características e preço igual, ele escolhe pelo sustentável. Mas ele não está disposto a pagar mais por isso”, explica.

Leite Júnior diz que as vantagens de um imóvel “verde” são muitas, como a redução no consumo de água e energia, o que deixa o condomínio até 25% mais em conta. Mas as pessoas ainda não sabem avaliar e quantificar os reais benefícios deles.

Auto-denominação x Selo de sustentabilidade

Entretanto, ele alerta que algumas construtoras afirmam que seus próprios empreendimentos são sustentáveis, sem abrangerem todos os aspectos de um imóvel considerado “verde”. Leite Júnior cita quatro quesitos diferentes para análise:

   1. Obra: envolve o processo de construção; redução de perda de materiais; preocupação com o entorno da construção; a origem do material escolhido, como a madeira, entre outros.

   2. Saúde do ocupante: tinta à base de água nas paredes internas (há produtos que emitem gases tóxicos ao longo da vida útil); a acústica do imóvel, etc.

   3. Meio ambiente: redução do consumo de água e energia; diminuição de emissão de poluentes e gases de efeito estufa, entre outros.

   4. Conforto: visual, olfativo, de temperatura, etc.

“É preciso avaliar uma série de questões para dizer se o empreendimento é sustentável”, pondera Leite Junior. Por isso, ele acredita que o ideal é uma terceira parte dizer isso, como as certificações.

Entre as existentes hoje no Brasil, temos o LEED (do Green Building Council), que é importado dos EUA; o AQUA (da Fundação Vazolini), baseado no francê Haute Qualité Environnementale – HQE; e está chegando um com conceito inglês, chamado Breeam.

Pré-requisito!

Ele acredita que ainda estamos na fase inicial e começando a entender os valores da sustentabilidade na construção civil. Mas o que hoje é uma tendência será uma exigência no futuro.

“Os clientes de imóveis têm de 30 a 40 anos. As gerações mais novas têm mais informações e, quando forem comprar, vão ter a sustentabilidade como pré-requisito e não como diferencial”, aponta.

ONU

No início do mês de abril, o Secovi-SP se filiou ao SBCI (Sustainable Buildings and Climate Initiative), uma iniciativa do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio ambiente).

De acordo com Leite Junior, o sindicato tem o papel de buscar ações que estão sendo implementadas pelo mundo e disseminar no mercado imobiliário interno. “Estar no SBCI é uma forma de ter contato direto e acesso a profissionais e organizações do mundo inteiro”, enfatiza.

O órgão congrega os stakeholders-chave do setor imobiliário (indústria, negócios, governo, autoridades locais, instituições de pesquisa, universidades, especialistas e ONGs) e trata especificamente da sustentabilidade em assuntos relacionados à edificação e ocupação urbana, especialmente no que diz respeito às alterações climáticas, trabalhando para promover as melhores práticas na área.

Fonte: Uol

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