Diferença de preço entre imóvel de 2 e 3 quartos cai pela metade

A valorização de imóveis menores lançados em São Paulo é mais acelerada em relação aos maiores. A partir de dados compilados pela Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) é possível apurar que de 2008 até este ano os imóveis de um e dois dormitórios se valorizaram 143% e 146%, respectivamente. Já o preço dos lançamentos de imóveis de três e quatro ou mais quartos subiu 82,2% e 66,1%, respectivamente. A disparidade diminuiu a diferença de preço entre os imóveis menores e maiores. O preço médio do imóvel de três dormitórios era quase duas vezes mais caro (94,5%) que o de dois em 2008. Atualmente, essa esse percentual caiu para menos da metade: 43,6%.

Embora os prazos de financiamento tenham ficado maiores e as taxas de juros tenham diminuído – o que facilitou a aquisição de imóveis -, a consequência deste movimento é que ficou mais caro para comprar uma casa ou apartamento pequenos, que geralmente são aqueles adquiridos por quem adquire seu 1º imóvel.

Já para quem possui um imóvel menor e quer trocar por um maior, além de encontrar as mesmas facilidades de prazos e taxas de juros, também tem vantagem na hora de negociar o bem de um ou dois dormitórios mais valorizado que os mais amplos.

Para o professor de finanças do Insper Ricardo Almeida, o fenômeno é temporário. Ele acredita que a valorização descompassada dos imóveis em São Paulo faz parte de um ciclo, e que a diferença entre os preços voltará a patamares anteriores.

“Essa diferença (de valores entre pequenos e grandes) está caindo porque teve um ‘boom’ muito forte no imóvel de três e quatro dormitórios antes dos menores. Começou em 2006 e durou até 2009. Percebendo a demanda atingida de apartamentos maiores, as construtoras se voltaram para os menores”.

Segundo ele, a valorização dos terrenos torna a construção de apartamentos menores mais rentável para a construtora. “O preço do terreno é alto, as pessoas que querem imóveis grandes não conseguem comprar. Então optam pelo menor. Tem muita gente comprando pequeno querendo o grande”, disse.

Mais um fator da lei da oferta e demanda, o programa “Minha Casa, Minha Vida” incentivou a procura de imóveis menores.

Qualidade de vida pior

Como consequência da maior procura por imóveis menores, os bairros de São Paulo, sobretudo os da classe média, passam por um processo de verticalização, ou seja, construção de prédios. Para o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie Antonio Claudio Fonseca, esse processo é prejudicial porque, de uma forma muito rápida, coloca um número grande de pessoas em regiões que não têm condições estruturais para recebê-las.

“Há uma perda do ponto de vista urbano. Uma enorme chegada de população em um bairro que não está programado para isso. Vão chegar padarias e serviços de forma desorganizada. O planejamento da prefeitura fracassou”, comentou.

Fonseca acrescenta também que nos bairros mais periféricos esse processo é ainda mais prejudicial, pois estes lugares carecem de infraestrutura básica, como saúde, escolas e serviços.

Porém, diz o professor do Insper, é provável que haja diminuição da demanda por imóveis menores e o início de um novo ciclo de procura por casas e apartamentos maiores, o que resultará em uma nova dinâmica do mercado imobiliário.

Filipe Gonçalves

Fonte: Terra

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