Conheça o novo modelo de crédito imobiliário anunciado pelo governo

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Conheça o novo modelo de crédito imobiliário anunciado pelo governo
Crédito: Marcelo Camará/MCID

O governo federal anunciou nesta sexta-feira (10) um novo modelo de crédito imobiliário que promete transformar a forma como o país financia a casa própria. A iniciativa, apresentada em evento em São Paulo com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, busca ampliar o acesso ao crédito habitacional, principalmente para a classe média, e dar novo fôlego ao setor da construção civil.

A transição para o novo sistema será gradual, com início ainda em 2025 e plena vigência prevista para janeiro de 2027. A proposta representa uma modernização estrutural do atual modelo de captação de recursos pelos bancos dentro do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).

O que muda no crédito imobiliário

Pelas regras atuais, 65% dos recursos captados pela poupança precisam ser obrigatoriamente direcionados ao crédito imobiliário, 20% são retidos no Banco Central (os chamados depósitos compulsórios) e 15% ficam livres para outras operações.

Esse modelo, porém, vinha enfrentando dificuldades devido à queda nos depósitos da poupança, consequência da baixa rentabilidade da aplicação e da concorrência com investimentos de renda fixa. Como resultado, o volume de crédito disponível para o mercado imobiliário vinha diminuindo.

Com o novo sistema, a poupança será maximizada como fonte de financiamento. Isso significa que, quanto mais recursos forem aplicados na poupança, mais crédito imobiliário será disponibilizado pelos bancos, com possibilidade de captação adicional via LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários).

Novo teto de valor e ampliação do financiamento imobiliário

Entre as novidades anunciadas está o aumento do teto do valor máximo do imóvel financiado no Sistema Financeiro da Habitação (SFH) de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.

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Além disso, a Caixa Econômica Federal voltará a financiar até 80% do valor do imóvel, retomando um patamar que havia sido reduzido para 70% em 2024. Segundo o presidente da Caixa, Carlos Vieira, essa medida ampliará o número de famílias aptas a adquirir um imóvel por meio de financiamento com juros mais acessíveis.

Como será a transição

O novo modelo será implementado de forma gradual.

Durante o período de transição, o percentual de depósitos compulsórios (recursos retidos pelos bancos no Banco Central) será reduzido de 20% para 15%, e 5% passarão a ser aplicados no novo regime.

De acordo com o Banco Central, a medida deve viabilizar R$ 111 bilhões em recursos já no primeiro ano, liberando R$ 52,4 bilhões a mais para o financiamento habitacional, sendo R$ 36,9 bilhões de forma imediata.

A expectativa do governo é que, até 2027, o modelo esteja completamente ajustado, eliminando o direcionamento obrigatório de 65% da poupança e tornando o sistema mais flexível, competitivo e sustentável.

Mais competição entre bancos

Um dos pontos centrais da modernização é o aumento da concorrência no crédito imobiliário.

Agora, instituições financeiras que não captam poupança também poderão oferecer financiamentos habitacionais em condições equivalentes às dos bancos tradicionais, por meio dos chamados depósitos interfinanceiros imobiliários.

Segundo o governo, isso deve estimular a competitividade, reduzir custos e ampliar as opções disponíveis para quem deseja financiar um imóvel.

Impactos esperados no setor imobiliário

O ministro das Cidades, Jader Filho, destacou que o novo modelo atende uma faixa de renda que estava sem alternativas.

“As famílias com renda de até R$ 12 mil são atendidas pelo Minha Casa Minha Vida. Acima disso, muitas não tinham acesso ao crédito habitacional. Essa medida vem preencher essa lacuna”, afirmou o ministro.

Com juros limitados a 12% ao ano nas operações do SFH, a medida promete aumentar a oferta de crédito acessível e estimular a construção de imóveis para a classe média, gerando novos empregos e movimentando a economia.

Declarações das autoridades

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, explicou que o novo modelo permitirá ampliar o volume de crédito sem elevar as taxas de juros cobradas nos financiamentos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a iniciativa faz parte de uma agenda de crescimento sustentável, enquanto o vice-presidente Geraldo Alckmin destacou que “moradia é direito e crédito é o caminho para alcançá-lo”.

Já o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, afirmou que as mudanças representam um novo ciclo para o mercado imobiliário:

“Depois do Minha Casa Minha Vida, lançar um novo sistema voltado à classe média demonstra o compromisso do governo com a moradia digna e com o fortalecimento da construção civil.”

Um novo ciclo para o crédito habitacional

Com a modernização do SBPE e a ampliação do crédito imobiliário, o governo espera impulsionar o setor de habitação, fortalecer o mercado da construção civil e estimular o crescimento econômico com geração de empregos.

Além disso, o aumento do teto do SFH e a retomada do financiamento de até 80% do valor do imóvel pela Caixa devem atrair mais compradores, especialmente da classe média, que nos últimos anos teve dificuldade para acessar crédito com condições acessíveis.

O novo modelo de crédito imobiliário marca uma das maiores mudanças estruturais dos últimos anos no setor habitacional brasileiro.

Com ele, o governo pretende tornar o uso da poupança mais eficiente, ampliar o acesso ao financiamento e fomentar o desenvolvimento econômico e social.

Se bem implementado, o novo sistema pode representar um marco para o mercado imobiliário, aproximando milhares de famílias do sonho da casa própria e consolidando um novo ciclo de crescimento sustentável no país.

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