Brasil deve se tornar líder entre estrangeiros no mercado imobiliário de Miami

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Depois de invadirem os shoppings centers, brasileiros estão perto de dominar as compras de casas e apartamentos para moradia, lazer ou investimento

Não é de hoje que o os brasileiros vão às compras nos Estados Unidos. Essa voracidade de consumo, no entanto, extrapolou os “outlets” e shopping centers e chegou ao mercado habitacional – num fenômeno que nem a valorização de 8,85% do dólar sobre o real em 2012 conseguiu intimidar. Ante os elevados preços no Brasil e a concomitante diminuição dos valores nos EUA, muitos brasileiros passaram a adquirir imóveis em seus destinos preferidos, como o estado da Flórida. Eles não querem só morar ou passar férias, mas também vêm no setor imobiliário uma alternativa de investimento. A expectativa de consultores e corretores locais é que a participação dos brasileiros no número de casas e apartamentos comprados por estrangeiros em Miami-Dade – condado onde está localizada a cidade de Miami – volte a crescer neste ano após ter subido 30% em 2011. Neste ritmo, os clientes do país ultrapassarão os venezuelanos no ranking de estrangeiros que mais adquirem imóveis na região.

De acordo com a Miami Association of Realtors (a associação dos corretores da cidade), os brasileiros respondiam, no fim do ano passado, por 12% de todo o mercado imobiliário de Miami, contra 15% dos cidadãos da Venezuela. Em 2010, os países tinham participações de 9% e 28%, respectivamente. “O interesse dos brasileiros por imóveis na região segue alta, ao passo que os venezuelanos estão comprando menos do que antes. É que eles já fizeram muitos negócios em anos anteriores, quando os mais ricos tiveram de fugir da crise política de Hugo Chávez”, explica Antônio Conde, diretor de comercialização e marketing do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP).

Ainda segundo a associação, em levantamento feito em novembro, os brasileiros já eram indicados como líderes entre os estrangeiros nas compras de imóveis acima de 1 milhão de dólares. O estudo apontava também a expectativa de que eles encabeçariam o ranking de casas na faixa intermediária de preços, de 250 mil a 500 mil dólares. “Com o poder de compra dos americanos em baixa, as corretores e associações locais viram nos estrangeiros, especialmente os brasileiros, um mercado consumidor promissor”, diz Conde. Ele acrescenta que as associações e corretoras locais estão investindo na disseminação de informações sobre os trâmites legais para realização desse tipo de negócio com o intuito de atrair mais interessados.

O brasileiro Leo Ickowicz, presidente da Elite International Realty, imobiliária sediada em Miami, comenta que o interesse por imóveis na cidade ganhou forte impulso graças à queda dos preços decorrente do estouro da bolha imobiliária do país em 2008. Na época, os preços despencaram, em média, 40%. Hoje, a diferença é 30 pontos porcentuais menor. “Apesar de os preços terem subido nos últimos anos e se encontrarem por volta de 10% abaixo do valor pré-crise, os brasileiros ainda procuram a cidade”, diz. Ickowicz explica que, ao contrário do que se viu entre o final da década de 1990 e 2008, quando a compra de imóveis visava, sobretudo, a especulação; os brasileiros agora almejam a aquisição de um imóvel para moradia, lazer ou até investimento.

 Perfis – O empresário explica que há três perfis principais de compradores brasileiros em Miami: os que adquirem imóveis para alugar e costumam gastar entre 250 mil e 300 mil dólares em um apartamento de 80 a 90 metros quadrados (perfil que corresponde a 40% das compras de brasileiros em sua imobiliária); aqueles que usam esporadicamente esses bens para lazer e pagam entre 300 mil e 1 milhão de dólares em residências de 140 a 150 metros quadrados (30% dos clientes da corretora); e os que pagam mais de 1 milhão de dólares por 500 metros quadrados para morarem por alguns meses (geralmente empresários ou aposentados).

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Segundo Ickowicz, muitos integrantes desta faixa de clientes brasileiros que mais gastam em imóveis na cidade – geralmente empresários bem-sucedidos e aposentados ricos que compram casas e apartamentos à beira da praia e vivem na ponte aérea Brasil-EUA – estão descobrindo outro nicho do mercado imobiliário local: os imóveis comerciais, que oferecem taxa média de rendimento de cerca de 7% ano. “Ele não precisa trazer dinheiro do Brasil. Ele vem aqui, investe num imóvel comercial e o dinheiro que ganha ele já gasta aqui”, afirma.

Entre os lugares preferidos dos brasileiros está o bairro de Aventura, tradicional centro de compras de Miami, com vários shoppings centers, área verde, nível de segurança considerado bom e ainda com preços de imóveis menores que os da beira-mar.

Por: Naiara Infante Bertão e Talita Fernandes

Fonte: Veja

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