Construtoras e incorporadoras mantêm altas as expectativas de construção de prédios comerciais para 2011, e a ação deve ser reforçada neste segundo semestre. No segmento de luxo, a consultoria internacional Jones Lang LaSalle afirmou que este ano já foram investidos R$ 4,6 bilhões no Brasil, ou seja, uma alta de 77% ante 2010. A retomada do segmento comercial vem logo depois da euforia da construção focada na classe econômica, com o programa “Minha Casa, Minha Vida”, e dos investimentos federais centrados em obras de infraestrutura, mesmo com o sinal amarelo ligado quanto a uma possível desaceleração brasileira no setor de construção civil.
De acordo com Viviane Guirão, diretora da consultoria ITC Net, no ano passado os interesses das grandes construtoras estavam em outro segmento. “Mas isso já está mudando, as grandes empresas já fizeram suas aplicações nos outros setores, e a carência no setor comercial já começa a aparecer.” E é o que vem acontecendo no Rio de Janeiro: de acordo com a Secretaria Municipal de Urbanismo os empreendimentos comerciais estão ganhando mais destaque este ano. O balanço da secretaria apontou aumento na concessão de licenças para a construção de imóveis comerciais cresceu 6.000% este ano.
De olho nesse segmento, a Even investe pela primeira vez no Rio e lança, nos próximos meses, três empreendimentos comerciais em bairros como Campo Grande, Jacarepaguá e Barra da Tijuca. A aposta da construtora está na construção do modelo “comerciais de bairro”, com salas menores e capazes de atender aos novos moradores. O primeiro lançamento será em Campo Grande, que recebeu muitas unidades residenciais nos últimos anos e sente falta de serviços. “Teremos um ano com comerciais de bairro. É o caso de Campo Grande e Jacarepaguá. Já na Barra, o foco são grandes empresas, que estão migrando para a zona oeste. A Even aposta cada vez mais na cidade do Rio ” diz Claudio Hermolin, diretor da construtora. A Fernandes Araújo e o Grupo Avanço e Aliados, além da Efer, também planejam lançar empreendimentos comerciais em Jacarepaguá este ano. Em São Paulo, o foco dos empreendimentos também é para atender a classe A, mas a mistura de construções residenciais e comerciais também se faz presente. Com valor geral de vendas (VGV) de R$ 250 milhões, o empreendimento de alto padrão “F.L, Faria Lima 4.300”, uma parceria das incorporadoras Stan, SDI e Bramex, vendeu todas as 176 salas comerciais e 147 unidades residenciais durante o pré-lançamento.
Localizado na zona sul, na Avenida Faria Lima, um dos principais centros comerciais da capital paulista, a falta de terrenos para aquisição e a concentração de agentes financeiros, para Guirão, é o que mais motiva as vendas. “Quando há oferta, com certeza há demanda. O problema, em São Paulo, tem sido a falta de localização adequada para esses prédios.” De acordo com a especialista, são os terrenos em locais como a Faria Lima que fazem a taxa de vacância na cidade São Paulo tão baixa. “Entre os imóveis de alto padrão essa taxa é de 0,4%, o que torna sua localização ainda mais valorizada”, esclareceu.
Também de olho no mercado de luxo comercial, a incorporadora Bueno Netto começou este mês a construção da Berrini One, que conta com um valor geral de vendas de R$ 500 milhões e previsão de entrega em dezembro de 2013. De acordo com números da ITC Net, o Brasil registrou nos três primeiros meses deste ano uma queda de 37% de investimentos ante ao mesmo período de 2010. Durante o primeiro trimestre o Brasil registrou investimentos de US$ 23, 6 bilhões em construções comerciais, enquanto o valor aplicado em 2010 somaram US$ 37,5 bilhões. “Não podemos dizer que essa queda de 37% signifique perdas na construção civil, porque os aportes apenas mudaram de foco, e foram mais para o setor industrial e residencial “, afirmou Guirão.
No mundo
O Brasil não é o único que vem correndo atrás de crescimento no setor comercial. As transações imobiliárias no mundo quase dobraram no primeiro semestre, voltando aos níveis pré-crise.
Os investimentos imobiliários comerciais globais totalizaram US$ 132 bilhões nos primeiros seis meses deste ano, ante US$ 76 bilhões em igual período do ano passado, ainda segundo a Jones Lang LaSalle.
Os negócios realizados fora do país do investidor atingiram US$ 56,8 bilhões, alta de 141%. “O crescimento reflete a diminuição do medo dos investidores”, diz André Rosa, diretor da Jones Lang LaSalle. A consultoria estima que o volume global no fim deste ano deva ficar entre US$ 275 bilhões e US$ 300 bilhões, bem acima do resultado registrado no ano passado, de US$ 209 bilhões.
288imóveis comerciais
Presente em 20 países, o grupo internacional AOS Studley, com sede na Europa e nos Estados Unidos, também abriu sua unidade no Brasil, para integrar a rede internacional do grupo especializado em consultoria imobiliária corporativa. Para vir ao Brasil, a empresa se associou à Base Real Estate. Como resultado da operação de participação no capital da empresa, a Base passa a adotar o nome AOS Studley Brasil.
Em 2010, a AOS Studley faturou 100 milhões de euros, e seu objetivo no Brasil é encontrar clientes em setores como bens de produção e de consumo, mercado financeiro, tecnologia, publicidade, farmacologia, logística.
Na opinião da sócia e diretora de Negócios Rosangela Dower, essa união permitirá também melhor atendimento a clientes internacionais dispostos a abrir unidades no Brasil. “Acabamos definitivamente com as nossas fronteiras. Estamos aptos a atender companhias interessadas em se instalar no Brasil”, diz.
Fonte: DCI