O governo federal anunciou uma ampla reformulação nas regras do crédito imobiliário no Brasil. As mudanças buscam aumentar o acesso ao financiamento habitacional, especialmente para a classe média, e modernizar o uso dos recursos da poupança e do FGTS.
Entre as principais medidas, está o reajuste do teto do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. Com isso, mais imóveis poderão ser financiados dentro das condições vantajosas oferecidas pelo sistema, que inclui juros limitados e a possibilidade de utilizar o FGTS como parte do pagamento.
FGTS e poupança ganham novas regras no crédito habitacional
Uma das grandes novidades do novo modelo é o uso integral dos depósitos da poupança como base para a concessão de crédito. Antes, uma parte desses recursos ficava retida compulsoriamente pelo Banco Central. Agora, todo o volume aplicado poderá ser direcionado para o crédito habitacional, fortalecendo o SFH e ampliando a capacidade dos bancos em liberar novos financiamentos.
Essa mudança promete destravar o mercado de crédito imobiliário, que vinha sofrendo com restrições nos últimos anos, e impulsionar o setor da construção civil.
De acordo com a Caixa Econômica Federal, a expectativa é financiar cerca de 80 mil novas moradias até 2026, injetando aproximadamente R$ 20 bilhões no mercado.
Como usar o FGTS no novo crédito imobiliário
Com o novo modelo, o trabalhador poderá utilizar o saldo do FGTS para:
- Dar entrada na compra de um imóvel;
- Amortizar ou quitar parcelas de um financiamento já existente;
- Reduzir o valor das prestações dentro dos limites do SFH.
No entanto, especialistas alertam que é importante avaliar com cuidado o uso do FGTS para o financiamento, já que aumentar o valor financiado pode gerar um risco maior de endividamento.
“É essencial que o comprador faça uma análise financeira criteriosa e verifique se as parcelas não ultrapassam 30% da renda familiar”, orienta a advogada Eliza Novaes, especialista em Direito Imobiliário.
Ela reforça que também é importante avaliar as taxas de juros, seguros obrigatórios e encargos, já que esses fatores podem impactar significativamente o custo total do crédito.
Benefícios e impactos no mercado imobiliário
O novo modelo de crédito imobiliário tende a beneficiar famílias com renda de até R$ 12 mil mensais, que antes ficavam de fora dos programas subsidiados, como o Minha Casa, Minha Vida, e enfrentavam juros altos nas linhas tradicionais.
Segundo o professor de Ciências Contábeis Alisson Batista, as novas regras chegam em um momento estratégico:
“Mesmo com a Selic ainda elevada, o novo crédito imobiliário cria condições mais acessíveis para quem quer financiar um imóvel usando o FGTS. Isso movimenta a economia, gera empregos e aquece o setor da construção civil”, explica o especialista.
Com o aquecimento do mercado, a tendência é que haja valorização dos imóveis em várias regiões, impulsionada pelo aumento da demanda e pela ampliação das linhas de crédito disponíveis.
Transição e modernização até 2027
As novas regras serão implantadas gradualmente até 2027. Durante esse período, o percentual de depósitos compulsórios da poupança que hoje é de 20% será reduzido de forma escalonada até ser totalmente eliminado.
Além disso, o novo modelo permite que instituições financeiras que não captam poupança também ofereçam crédito imobiliário com condições competitivas, por meio dos depósitos interfinanceiros imobiliários.
Cerca de 80% dos financiamentos habitacionais passarão a seguir as regras do SFH, com juros limitados a 12% ao ano, o que deve tornar os financiamentos mais previsíveis e acessíveis.
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Um novo cenário para o crédito imobiliário no Brasil
As medidas fazem parte de um esforço para modernizar o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e retomar o fôlego do crédito imobiliário, após anos de retração causados pela alta da Selic e pela fuga de recursos da poupança.
Com mais flexibilidade e estímulo à concorrência, o novo modelo deve recuperar a atratividade da poupança como fonte de crédito e impulsionar o setor habitacional.
Para o corretor de imóveis, esse é o momento ideal para revisar sua carteira, identificar imóveis que se enquadram nas novas regras e orientar seus clientes sobre as melhores oportunidades de financiamento com o uso do FGTS.
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