Já sabemos que a tecnologia é uma grande ajuda nos dias de hoje e ao mesmo tempo uma economia enorme para empresas e consumidores em relação à força de trabalho que ela possa substituir. O exemplo mais claro é o de 1 máquina substituir 20 pessoas em uma fábrica.
Entretanto, segundo aponta matéria no The Economist, o corretor de imóveis pode ser sublimado pela tecnologia em até duas décadas e é o quinto em probabilidade de desaparecer.
O que os estudos mencionados na excelente matéria do jornal britânico diz é que, em um grande resumo, que 47% das profissões poderão ser substituídas pela automação. Ou seja, um atendente de telemarketing, que está como a primeira a desaparecer, poderá ser substituído por um sistema telefônico de atendimento eletrônico, como já existe parcialmente atualmente, ou via web ou aplicativos.
Pegando o gancho do exemplo do telemarketing, quem de nós, no papel de consumidores e clientes de empresas de telefonia ou cartão de crédito que não “odeia” ter que falar com um telemarketing que não resolve o seu problema? Este é o grande ponto, talvez, para os corretores de imóveis.
Assim como um atendente de telemarketing teve sua profissão desvalorizada pela má gestão das empresas em lhes permitir ou fazer vista grossa ao mau atendimento e ineficiência, um corretor também, mas em menor intensidade, teve sua profissão desvalorizada por motivos similares nos últimos anos. Tanto que a valorização do profissional do mercado imobiliário é pauta constante entre blogs do setor, entidades de classe e imobiliárias sérias.
É fato que o avanço da tecnologia, principalmente as relacionadas à internet, afetarão a vida profissional dos corretores de imóveis. E isto é ruim? Não para todos os corretores.
A morte do “tirador de pedido”
Como sabemos, existem alguns tipos de corretores no mercado. Entre os principais estão: o tirador de pedido e o consultor. O “corretor” que tira pedidos está fadado a ser substituído por sistemas automatizados, pois se é para somente dar uma resposta robótica ou conferir papeladas*, isto a internet poderá lhe fornecer num futuro breve
*Ponderando sobre a “papelada”, quando tivermos um sistema eficiente, informatizado e menos burocratizado sobre informações judiciais que interliguem pessoas, imóveis e dívidas gerais, tudo será acessível facilmente como tirar uma CND única.
Fazendo um paralelo com o varejo de moda, observe o que aconteceu com as lojas de roupas nos últimos anos. Antigamente alguém lhe atendia, lhe mostrava algumas peças de roupas, você provava e todas ficavam ótimas – afinal, o atendente quer a venda e seu percentual de comissão. Certo? Hoje você vai à Renner, C&A, Zara, etc. e você mesmo faz sua busca na loja, prova e pede ajuda ou opinião se quiser.
Claro que o que fiz aqui é muito preconceituoso, pois sempre existiram e existirão bons atendentes de loja, mas estes foram ficando raros com o passar do tempo e perderam-se todos no descrédito até que se culminou numa mudança de perfil de lojas onde a “automação” da compra substituiu os tiradores de pedido e deu espaço ao auto-atendimento.
Porém, quando você vai em uma loja de alto padrão, o atendimento é completamente distinto. A pessoa que lhe atende tem conhecimento de moda, lhe recebe com champanhe e canapés. É uma grande diferença no perfil das lojas, e não falo do preço de uma peça de roupa, mas sim da qualidade do atendimento – que em um dos casos já até foi substituído por “ninguém”.
Mas agora, corretor, seja sincero com você. Quantas vezes você foi um tirador de pedido? Aquele cara que atendeu respondendo obviedades sem tentar entender o perfil do cliente e tentou empurrar um imóvel por causa da venda e da comissão?
Claro que nem todos são assim. Você talvez não seja assim, mas certamente conhece ou já conheceu alguém que, querendo ou não, desvaloriza o profissão pela baixa qualidade do atendimento.
Meu amigo e parceiro de mercado, Roberto Pantoja, conclui este paralelo com muita clareza. Se em uma loja lhe recebem com champanhe e canapés para lhe vender uma bolsa de R$2 mil, por quê você, corretor, não o pode fazer por uma imóvel de R$300 mil ou R$1 milhão?
O real corretor não desaparecerá
Digo com toda a certeza. O corretor de imóveis verdadeiro não morrerá, nem em uma, nem duas, nem em três décadas. Pois você pode fazer a leitura do desejo do seu cliente. Uma máquina não.
Mas quando falo em “desejo do seu cliente”, não é o que ele fala ou preenche em um formulário no site. É o que está nas entrelinhas, num gesticular diferente, no brilho do olho, numa pausa maior em uma fala. É aí que mora o grande ponto para um grande vendedor.
A tecnologia é, e será cada vez mais, uma facilitadora para bons consultores. Se por um acaso ela poderá automatizar o trabalho de quem faz não mais que a mera obrigação, ela nunca conseguirá substituir o conhecimento que você tem e os insights de conectar fatores que podem determinar com precisão onde está o imóvel ideal para seu cliente na cidade, ponderando fatores geográficos, sócio-econômicos, psicológicos, etc.
Fique tranquilo você que não se permite fazer o mediano, o básico. Se você é um corretor de imóveis de verdade, seu lugar no mercado está garantido.
Somente os que se adaptam é que sobrevivem à seleção natural do mercado.
Fonte: Mestre Imobi