Empresas do setor da construção civil apresentaram ao governo federal uma proposta para ampliar o alcance da faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), modalidade voltada para a classe média. A principal sugestão das incorporadoras é que o teto de preço dos imóveis suba de R$ 500 mil para R$ 650 mil, acompanhado de uma atualização na faixa de renda familiar, que passaria de R$ 12 mil para R$ 15 mil.
A medida, segundo representantes do setor, seria uma forma de dar fôlego às vendas de imóveis do Programa Minha Casa, Minha Vida para a classe média, que têm perdido ritmo em meio aos juros elevados. Além disso, abriria espaço para que as construtoras ofereçam apartamentos maiores ou empreendimentos com mais áreas comuns, no modelo de condomínios-clube.
O que está em jogo
A faixa 4 do programa foi criada em 2024 como promessa do governo Lula para atender famílias que não se enquadram nas faixas de baixa renda, mas também enfrentam dificuldade de financiar a casa própria. A grande vantagem é o acesso a crédito com juros subsidiados de 10% ao ano, abaixo da média de mercado, que gira em torno de 13% ao ano.
Ainda assim, o custo de financiamento continua sendo um desafio. Um apartamento de R$ 500 mil, financiado em 35 anos com entrada de 30% (R$ 150 mil), gera parcelas mensais em torno de R$ 3,6 mil, valor considerado elevado para boa parte do público-alvo.
Impacto no tamanho dos imóveis
De acordo com cálculos da consultoria Brain, o preço médio do metro quadrado de imóveis entre R$ 350 mil e R$ 700 mil em São Paulo é de R$ 10,1 mil. Isso significa que, dentro do teto atual, um imóvel de R$ 500 mil teria cerca de 50 m². Com o limite ajustado para R$ 650 mil, o espaço poderia chegar a 64 m², tornando os apartamentos mais atrativos para famílias.
Outra possibilidade, avaliam especialistas, é que as construtoras mantenham unidades compactas, mas reforcem os diferenciais dos empreendimentos, como piscinas, academias e áreas de lazer, tendência já observada no mercado.
Governo avalia proposta
No Ministério das Cidades, a proposta das incorporadoras ainda está sob análise. Fontes ligadas à pasta afirmam que é preciso acompanhar a maturação da faixa 4 antes de qualquer revisão, mas reconhecem que o avanço do programa tem sido mais lento do que o esperado.
Entre julho e agosto, foram assinados 8,5 mil contratos nessa modalidade, enquanto a meta anunciada para 2025 é de 120 mil moradias, cerca de 15 mil por mês. O ritmo atual está bem abaixo do projetado.
Além do impacto econômico, há também um fator político: uma eventual ampliação do MCMV poderia ter boa receptividade junto à população às vésperas das eleições presidenciais.
Expectativas do setor sobre o Minha Casa, Minha Vida
Para as incorporadoras, ampliar o teto da faixa 4 também é uma forma de utilizar melhor os recursos do fundo social do pré-sal, que neste ano destinou R$ 18 bilhões para habitação. A injeção de recursos permitiria não apenas alavancar novos lançamentos, mas também atender à demanda reprimida da classe média.
Enquanto não há definição, construtoras e consumidores seguem aguardando sinais de mudança. A expectativa é que, se aprovada, a medida possa acelerar contratações e ampliar a oferta de imóveis, aproximando mais famílias do sonho da casa própria.
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