O paulista Edgar Ueda diz que os fracassos geram aprendizados valiosos. Depois de quebrar seis vezes, ele conta o que aprendeu no livro de autoajuda “Kintsugi”

Um dos livros de autoajuda mais vendidos do momento é o “Kintsugi” (CDG Editora), do empresário, palestrante e escritor paulista Edgar Ueda. Como qualquer trabalho do gênero, o texto promete apresentar instruções para o leitor dar jeito na própria vida, dadas por alguém que já chegou lá – no caso do autor, com a Mondeluz, uma empresa de inteligência em negócios imobiliários sediada em Paulínia (SP).
Ao invés do sucesso, no entanto, Ueda optou por jogar luzes sobre o fracasso. Daí ter escolhido o título “Kintsugi”, nome de uma técnica japonesa de restauração de cerâmicas quebradas com laca e ouro em pó, que conheceu durante um período em que viveu no Japão. É uma analogia com a trajetória de fracassos que, segundo ele, faz parte da história de qualquer empreendedor bem-sucedido e o torna mais valioso – tal qual a kintsugi com as peças quebradas. “Ela restaura essa cerâmica, fazendo com que deixe de ser um objeto de série e passe a ser um objeto único, que passa a ter um valor diferente no mercado”, explica Ueda.
Ele mesmo conta ter quebrado seis vezes – uma delas no próprio mercado imobiliário – até acertar a mão. “Todos quebraram e passaram por situações de sacrifício, dor e superação. Isso faz parte da jornada do empreendedor. Mas algumas pessoas quebram e param de empreender. Falham e acham que não servem mais para aquilo. Desistem fácil”, diz.”Cada quebra me gerou um aprendizado, o que foi acumulando resultados. O que era negativo, eu não repetia. O que era positivo, alocava para um próximo projeto. Fui acumulando competências, mudando meu comportamento e expandindo meu ‘mindset'”, diz.
PERCALÇOS
A história de Ueda, 40, serve de lastro para seu método. Ele nasceu no pequeno município de Pinhalzinho (SP), a cerca de 110 quilômetros da capital paulista. Teve uma infância pobre, junto com três irmãos e a mãe, trabalhadora rural e empregada doméstica. Aos nove, começou a trabalhar entregando leite para ajudá-la. Nos anos seguintes, trabalhou como vendedor de coxinhas, atendente e gerente de bar. Aos 17, decidiu empreender pela primeira vez, abrindo uma lanchonete e uma sorveteria um ano depois.
Quanto tinha 19, decidiu passar um tempo no Japão, seguindo um irmão mais velho. Voltou depois de dois anos com dinheiro suficiente para comprar duas casas e virar sócio de uma locadora de vídeos e de uma danceteria, mas perdeu praticamente tudo em apenas um ano. Precisou voltar ao Japão, onde ficou por mais sete anos – período que incluiu novas tentativas fracassadas de empreendimento e a crise de 2008. Já de volta, em 2011, se lançou no mercado imobiliário. Teve sucesso, mas quebrou de novo. Desta vez, persistiu no ramo. Não erraria de novo. Agora, quer ensinar as pessoas a ter determinação e energia para dar esse tipo de virada.
“Por que um cara como eu, caipirão, do meio do mato, realizou tanta coisa que outros não conseguem realizar? Será que é porque sou um cara de sorte? Não. É que utilizo algumas coisas que aprendi ao longo da vida: que preciso ter atitude, iniciativa, proatividade, sair da zona de conforto, apanhar. Baseado em tudo o que vivi na vida, entendi que tinha um modelo”, conta Ueda. “Passei para o livro todo esse conhecimento, que fez tanta diferença na minha vida.”
Fonte: Folha de Londrina