O mercado imobiliário dos Estados Unidos é conhecido por sua organização, transparência e profissionalismo. Embora cada estado tenha suas próprias regras e leis, há práticas comuns que ajudam a tornar o setor mais eficiente e confiável.
Confira dez pontos que se destacam no sistema dos EUA e que podem inspirar melhorias no mercado brasileiro.
1. Exigência de formação sólida
Para atuar como corretor de imóveis, é necessário ser residente nos Estados Unidos, ter mais de 18 anos, não possuir antecedentes criminais e ser aprovado em três provas de pré-qualificação. Os exames abrangem temas como avaliação de imóveis, gestão de propriedades, financiamento imobiliário, aspectos jurídicos, contabilidade e direito empresarial. Isso garante que apenas profissionais realmente preparados ingressem na carreira.
2. Atuação vinculada a um broker
Após obter a licença, o corretor de imóveis deve escolher uma empresa Broker (imobiliária) para trabalhar. Não é permitido atuar de forma independente. Cada Broker define a porcentagem de comissão sobre as vendas realizadas, o que estimula relações contratuais claras e profissionalismo entre as partes.
3. Contrato de exclusividade
Nos Estados Unidos, é comum que o proprietário assine um contrato de exclusividade com duração de seis meses a um ano. Durante esse período, o corretor é o único autorizado a negociar o imóvel. O profissional só recebe sua comissão após a concretização da venda.
4. Sistema MLS (Multiple Listing Service)
Um dos pilares do mercado norte-americano é o MLS (Multiple Listing Service), um site que reúne praticamente todos os imóveis disponíveis à venda. Os corretores têm a obrigação de cadastrar seus imóveis nesse sistema, salvo quando o cliente solicita, por escrito, que o anúncio não seja divulgado. O MLS garante transparência, acesso a informações completas e maior visibilidade para as propriedades.
5. Importância do networking
Embora o MLS concentre a maior parte das ofertas, ainda existem imóveis negociados fora da plataforma. Nesses casos, o corretor precisa ter bons contatos e uma rede sólida de relacionamentos. No entanto, essa prática é menos recomendada, pois reduz a exposição do imóvel e pode limitar o potencial de oferta.
6. Pré-aprovação de crédito
Antes de iniciar uma negociação, é comum que o comprador solicite ao banco uma pré-aprovação de crédito, que define o valor máximo do financiamento possível. Isso evita frustrações e facilita o processo quando a oferta é feita. A proposta é formalizada em um documento detalhado, com informações sobre o imóvel, taxas e impostos.
7. Transação segura e terceirizada
A operação financeira é conduzida por uma empresa independente, chamada Escrow, que administra os valores e licenças necessárias. O Escrow garante que o dinheiro realmente existe e só transfere o valor ao vendedor após todas as condições serem cumpridas. Assim, o corretor não lida diretamente com o dinheiro, o que traz mais segurança para todos os envolvidos.
8. Comissão padronizada
A comissão normalmente é de 6% do valor do imóvel, dividida igualmente entre o corretor do vendedor e o corretor do comprador (3% para cada um). Essa padronização reduz disputas e torna o processo mais transparente.
9. Responsabilidade profissional
Cada corretor é responsável pelos contratos e pela negociação de seu cliente, respeitando prazos e condições definidos por lei. O agente deve acompanhar todas as inspeções do imóvel, pois pode ser responsabilizado se algo for negligenciado durante o processo. Essa regra reforça o compromisso com a qualidade e a ética profissional.
10. Definição realista de preço
O preço de venda não é definido de forma aleatória. Ele é determinado com base em comparativos de mercado (comparative market analysis), que levam em conta o valor de imóveis semelhantes vendidos recentemente na mesma região. Além disso, é comum incluir cláusulas contratuais que preveem redução automática de preço se o imóvel não receber propostas em determinado prazo.
O modelo norte-americano demonstra como educação, tecnologia, transparência e ética podem elevar o nível do mercado imobiliário. Embora o Brasil tenha avançado bastante, ainda há muito a aprender com práticas que valorizam o corretor de imóveis e protegem o cliente.