Como a nova queda histórica da Selic para 3% afeta o crédito imobiliário?

Crédito imobiliário – Cenário de juros caindo e inflação estável é favorável para novos financiamentos imobiliários e até antigos, que podem se beneficiar da portabilidade

A concorrência entre os bancos e a pressão para a redução das taxas de crédito imobiliário devem crescer com os recentes movimentos da Caixa Econômica Federal (CEF) e com a nova queda histórica da Selic, de 3,75% para 3% ao ano, anunciada pelo Copom. Como fica o cenário para os financiamentos imobiliários em meio à pandemia do novo coronavírus e levando em conta as sinalizações do Banco Central e de analistas de que a taxa básica de juros pode cair ainda mais, chegando a 2,25%? Como avaliar se esse é um bom momento para encontrar a melhor oferta?

A plataforma digital de crédito imobiliário, Melhortaxa, registrou, no último mês de abril, aumento de 55% nos pedidos de crédito no setor em relação a março. “A nova Selic a 3% ampliou para 4,51 pontos percentuais a sua diferença em relação à taxa média de crédito imobiliário efetivamente praticada pelos grandes bancos, que está em 7,51% com base nos contratos fechados por intermédio da nossa plataforma”, conta Rafael Sasso, cofundador da fintech.

Essa diferença era de 2,56 pontos percentuais em novembro de 2019, quando a média de juros praticados estava em 7,56% enquanto a Selic marcava 5%. “A diferença hoje é bem grande, o que teoricamente pressionaria os bancos a melhorar as condições do financiamento imobiliário. Todavia, essa reação não deve ser imediata, demorando um pouco mais por conta do clima de incerteza provocado pelo Covid-19.”

Sasso afirma ainda que, de toda forma, as taxas atuais já são as mais baixas vistas no mercado imobiliário, o que favoreceu o aumento da capacidade de compra dos tomadores, mesmo no ambiente de incerteza. “Acredito que nos próximos meses, com a retomada da economia pós-pandemia, há maior probabilidade de um repasse mais forte para as taxas de crédito imobiliário”, acrescenta.

Oportunidade de investimento

Para quem já vinha se preparando para comprar um imóvel, seja para morar ou investir, e possui reserva financeira para manter os planos, as condições de financiamento hoje são vantajosas e há oportunidades a serem avaliadas, incluindo as novidades nas diferentes linhas (taxas corrigidas pela TR, pelo IPCA e ainda prefixadas). Além da queda da Selic, o Brasil apresenta hoje um cenário de baixa rentabilidade da poupança e da renda fixa, alta volatilidade no mercado de ações e subida dos preços dos imóveis em ritmo abaixo da inflação.

“A queda estrutural da Selic ajudou a intensificar a competição entre os bancos, a destravar a portabilidade do crédito imobiliário e acelerou a entrada de mais fundos e fintechs nesse mercado. Além disso, com a Caixa Econômica criando produtos que aproximam o mercado de financiamento imobiliário do mercado de capitais e gerando diversificação, a procura por informações e o fomento a esse mercado cresceram. Temos acompanhado um volume grande de pessoas interessadas em financiar um imóvel, até pelo fato de nosso fluxo ser 100% online”, diz Sasso.

O profissional também nota que, no ano passado, houve uma mudança cultural da população em começar a entender a portabilidade como ferramenta no processo de compra da casa própria com crédito bancário. Isso ampliou a pressão sobre a concorrência. “O principal efeito da portabilidade é que o comprador não precisa ficar esperando a taxa de juros cair. Ele pode efetuar uma compra e, se a taxa cair significativamente no futuro, fazer uma portabilidade”, comenta. “Neste momento de crise e incerteza, as famílias buscam formas de economizar e, como o crédito imobiliário representa um custo considerável no orçamento doméstico, tivemos um aumento significativo de buscas em nossa plataforma.”

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Fonte: Estadão

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