A instituição que é responsável por 70% do crédito imobiliário no país suspendeu os financiamentos habitacionais.
Há semanas não são assinados contratos de crédito imobiliário. Em todo o Brasil são milhares de financiamento à espera de recursos. Em Indaial, SC, existem 20 contratos com crédito aprovado aguardando para serem assinados na agência.
Uma corretora que atua na região comentou: “Tinha um contrato que estava agendado para ser assinado na sexta-feira, e na última hora desmarcaram“.
Oficialmente a Caixa Econômica Federal diz que está fazendo uma reorganização orçamentária. Na prática, acabaram os recursos para empréstimos, sobretudo os do FGTS.
A Instrução Normativa 32 do Ministério das Cidades, de 1º. de Agosto de 2017, obriga a Caixa a dividir o o valor do orçamento global do FGTS mensalmente, para assegurar recursos para todos os meses.
As medidas foram anunciadas em reunião extraordinária online com as gerências na última quinta-feira.
A Caixa Econômica Federal reduziu, ainda, para 50% do valor do imóvel o limite máximo de financiamento para imóveis usados.
O orçamento habitacional do FGTS para esse ano é de R$ 84,2 bilhões . A Caixa emprestou até setembro R$ 62 bilhões, um volume 20,5% acima do montante registrado até setembro de 2016.
Segundo informações transmitidas por fontes ligadas ao banco, esse freio pode ser uma forma de pressionar o Governo Federal a injetar recursos na Instituição, que sofre para se enquadrar nas normas internacionais de requerimento de capital, a chamada Basileia 3.
Essa regra determina o quanto o banco deve ter de patrimônio para assumir um determinado nível de risco em operações de crédito.
Agências de Risco apostam que será necessário a venda de ativos ou então o aporte de recursos por parte do Governo Federal para que tanto a CEF como o Banco do Brasil se adequem à Basileia 3.
Especialistas do mercado defendem a busca por novas formas de financiamento para o setor imobiliário, dado o esgotamento do modelo em vigor.
A Letra Imobiliária Garantida (LIG), já regulamentada pelo CMN, surge como uma alternativa, mas está longe de solucionar o problema, sobretudo dos financiamentos destinados a habitação popular.
A pressão política pode fazer efeito
A secretária Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Henriqueta Arantes, foi convocada para uma audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados, na próxima terça-feira (26), para explicar os efeitos desse corte orçamentário no programa Minha Casa Minha Vida.
O setor imobiliário, que responde por 9% do PIB, depende do Financiamento Habitacional.
Um freio tão abrupto nas operações de crédito imobiliário da Caixa pode trazer consequências devastadoras sobre esse setor, especialmente para as pequenas construtoras que se espalham pelo país.
Imobiliárias e corretores de imóveis de todas as regiões estão sendo afetados por essas mudanças.
Não podemos esquecer também, de quem sonha com sua casa ou apartamento. “O Minha Casa Minha Vida responde por 70% das vendas em nosso mercado” avalia Ricardo Cubas, gerente da Edifique Imobiliária de Indaial.
Ele acredita que: “apesar de toda essa turbulência no mercado de crédito para habitação, encontraremos uma saída e continuaremos a ajudar as pessoas a conseguirem a sua Casa Própria“.
Fonte: Edifique Imobiliária