Em um mercado competitivo como o imobiliário, é comum que corretores de imóveis, na tentativa de ampliar sua carteira, aceitem anunciar imóveis sem formalizar a captação com um contrato por escrito. A prática, no entanto, além de arriscada, pode trazer prejuízos, frustrações e até penalidades profissionais. Saiba mais sobre a importância da autorização para a venda de imóveis
A pressa de captar não pode atropelar o processo
Muitos corretores de imóveis escutam a famosa frase: “Quando tiver um comprador, a gente assina o papel.” E, com receio de perder o imóvel para outro profissional, acabam divulgando a unidade mesmo sem autorização formal do proprietário.
No entanto, essa atitude pode se voltar contra o próprio corretor. Sem uma autorização de venda (também chamada de contrato de prestação de serviços ou de intermediação), o profissional não possui amparo jurídico que comprove sua atuação o que pode comprometer o recebimento da comissão e gerar problemas éticos e legais.
A autorização garante segurança e profissionalismo
O documento de autorização é o que legitima a atuação do corretor em nome do proprietário. Ele define as condições da intermediação, como o valor pretendido, prazo de vigência da autorização, exclusividade (quando for o caso), e, claro, o percentual de comissão.
Além disso, é nesse momento que o corretor de imóveis pode e deve:
- Analisar a documentação do imóvel e do(s) proprietário(s);
- Verificar pendências jurídicas, tributárias ou estruturais que impeçam a venda;
- Avaliar se aquele imóvel realmente merece seu tempo e esforço.
Ou seja, a captação com responsabilidade é o primeiro filtro para evitar retrabalho e prejuízos no futuro.
Sem contrato, sem comissão?
Um dos riscos mais recorrentes é o proprietário vender o imóvel por conta própria ou por meio de outro profissional, sem pagar comissão ao corretor que iniciou todo o processo. Sem a autorização escrita, provar judicialmente a participação na venda e exigir o pagamento da corretagem se torna muito mais difícil.
O cliente que se recusa a assinar o contrato no início da negociação, muitas vezes, é o mesmo que se nega a pagar os honorários no final. Por isso, a formalização desde o início protege o corretor e ajuda a filtrar quem está realmente comprometido com a venda.
O que diz a legislação e o CRECI
A atuação do corretor sem a autorização para a venda de imóveis também pode resultar em penalidades éticas e disciplinares. De acordo com:
Artigo 20, inciso III, da Lei 6.530/78, o corretor de imóveis pode ser penalizado se “anunciar publicamente proposta de transação a que não esteja autorizado através de documento escrito”;
Artigo 6º, inciso XV, do Código de Ética Profissional, o profissional incorre em infração se “aceitar incumbência de transação que esteja entregue a outro corretor, sem dar-lhe prévio conhecimento, por escrito”.
Portanto, trabalhar sem a devida autorização pode colocar em risco não só os ganhos financeiros, mas também a reputação e o registro profissional do corretor.
Captação de imóveis com qualidade é o segredo
Em vez de buscar quantidade, o corretor de imóveis deve investir em captação qualificada. Isso significa selecionar imóveis com boa documentação, clientes dispostos a colaborar e, claro, firmar a autorização formal de intermediação.
Essa postura evita disputas, reduz riscos e demonstra profissionalismo ao cliente, valorizando ainda mais o trabalho do corretor.
A autorização formal para intermediação imobiliária é muito mais do que uma “burocracia”. Ela é um instrumento de proteção, valorização profissional e segurança jurídica.
Por isso, ao captar um imóvel, não tenha medo de pedir a assinatura do proprietário. Explique os motivos, mostre os benefícios e garanta que seu trabalho será respeitado. Afinal, profissional de verdade começa com atitude profissional.
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