O recenseamento entretanto realizado, revelou que hoje há mais mulheres trabalhando na profissão (20,24% do total) seu nível de escolaridade está cada vez mais alto (50% têm formação superior), há mais corretores atuantes (mais 60.000 em relação a 2002), a maioria trabalha como autônomos ou na sua própria empresa (2/3) e a faixa etária maioritária desses profissionais diminuiu (46-55).
Se alguns indicadores poderão surpreender, essas são tendências que venho acompanhando desde 2006, ano em que fui palestrante-convidado da I Edição do Nordesteinvest, hoje ADIT Invest. Em anterior artigo referi que novos ventos sopravam no mercado imobiliário brasileiro.
Mantendo a linguagem dos velejadores, chegou o momento de levantar a âncora que muitas vezes tem impedido a partida para uma novo trajeto e ajustar a manobra à direção dos novos ventos. Para que isso aconteça são necessárias tripulações bem formadas e treinadas, mas também timoneiros para ocupar o leme das embarcações.
Ao longo de décadas, os sistemas de franchising imobiliário de origem norte-americana desenvolveram painéis de instrumentos de navegação, que ajudam pilotos locais a ter dados atualizados e em tempo real para que possam monitorar o comportamento das suas empresas, o rumo que as mesmas levam durante a viagem e saberem as “condições atmosféricas” que vão ter de enfrentar, num mercado a uma escala cada vez mais global. São instrumentos rápidos em fornecer informações de gestão qualitativa e quantitativa, de natureza retrospetiva e prospetiva. São instrumentos focados nas informações verdadeiramente importantes para a administração do negócio imobiliário residencial. Só o que é quantificável pode ser gerido.
Esse monitoramento revela-se hoje decisivo para que, a cada momento, empresários e corretores imobiliários possam sentir-se apoiados na sua atuação diária e nas suas tomadas de decisão. Aquilo que as redes de franquia imobiliária norte-americana vêm permitir, é que empresários e corretores possam agir localmente, pensando globalmente.
Em 14 anos de carreira profissional neste setor, tive oportunidade de conhecer os diferentes sistemas de monitoramento e operação, das principais marcas de franchising imobiliário de origem norte-americana.
Tendo por princípio criador uma marca de reputação e notoriedade forte e global, que possa tornar-se bandeira empunhada à escala internacional por milhares de empresários e corretores imobiliários, todas essas redes de franquia se afirmaram em diferentes mercados locais, formando e treinando seus franquiados e profissionais imobiliários para usar as ferramentas de marketing e tecnologia mais inovadoras e desenvolvendo programas de serviço imobiliário centrados na satisfação das crescentes necessidades e aspirações das novas gerações de compradores e vendedores de imóveis.
O que mudou?
Sem uma plataforma tecnológica adequada e ajustada que integre diferentes ferramentas operacionais, não é mais possível, monitorar e gerir um sistema de trabalho transversal a todas as empresas e membros integrantes dessas redes imobiliárias, nem atuar proactivamente junto dos seus mercados vendedores e compradores de imóveis.
O que nunca mudará!
Tal como em centenas de outros Países, também no Brasil vão surgir percussores locais desses pioneiros empreendedores norte-americanos, que não querendo viver da memória de sucessos e fracassos passados, irão querer questionar as suas capacidades e habilidades atuais para conseguirem enfrentar um mercado em constante transformação.
Líderes que pela sua paixão irão contagiar todos os membros das suas tripulações e que pelo seu envolvimento total irão conduzir as suas embarcações a resultados efetivos.
Chegou a hora da liderança pelo exemplo, reflexo do comportamento esperado pelos membros dos seus times.
Timoneiros precisam-se no mercado imobiliário residencial brasileiro, porque de acordo com o já citado estudo do Confeci, já temos tripulantes preparados para marear.
E do lado de lá do oceano?
Sem taxa liberatória para os rendimentos obtidos no arrendamento, não será possível dinamizar esse mercado. Sem investimento público e condições atrativas para o investimento privado na requalificação das cidades, sem mercado de arrendamento ativo, não será possível promover a reabilitação urbana. Tarda um plano de emergência para a fileira da construção e do imobiliário em Portugal.