Renda mensal familiar para participar do programa passou de 6,5 para 9 mil. Corretores afirmam que já houve melhora ‘significativa’ na comercialização.
As novas regras do Programa Minha Casa Minha Vida, divulgadas pelo governo federal no começo do mês, já começam a movimentar o mercado imobiliário em Goiás. A alteração aumentou número de possíveis beneficiários do programa, já que o limite de renda mensal para participar do programa passou de 6,5 para 9 mil.
O gestor comercial Fernando Salomão, da MRV Engenharia, afirma que, entre sa mudanças está flexibilidade às regras de financiamento. Além disso, ele cita o benefício da taxa de juros menor e o direito ao subsídio.
“Tivemos duas notícias excelentes. A primeira é do limite da renda do cliente de faixa. Antigamente era limitado, mas com a nova proposta, a gente pôde incluir clientes. A segunda, é o enquadramento da renda. Antigamente a gente trabalhava com juros na casa de 13%. Hoje, foi enquadrado com taxa de 8 a 9 por cento e isso possibilita maior financiamento e o recurso próprio para investir fica mais facilitado”, explica.
O especialista afirma que na empresa onde trabalha a procura por imóveis já aumentou 40%, mesmo com uma decisão tão recente. “Só com a notícia a gente já sentiu melhora significativa. Em janeiro, que é um mês de férias, batemos o maior número de vendas que tivemos em 2016, melhor que todos os meses, e fevereiro já está melhor do que janeiro”, afirmou ao G1.
Salomão acredita que o reflexo que as alterações irão trazer para o cenário do mercado imobiliário em Goiás, é, principalmente a inclusão de novas famílias nas vendas de imóveis.
“O principal reflexo é que esse cara da faixa de renda de 1,4 mil reais, antes, eu não conseguia vender para ele, porque não tinha poupança e não conseguia financiar. Hoje, eu consigo trabalhar com essa renda inferior a isso, eu coloco mais clientes na rede, possibilitando quem não podia comprar”, disse.
O gestor comercial conta que a capital irá receber um complexo com 228 unidades, onde 50% delas serão enquadradas na faixa que se enquadra no Minha Casa Minha Vida.
O coordenador de produtos da URBS RT Lançamentos Imobiliários Anderson Andreolli afirma que, depois de um ano de dificuldades no quadro econômico do país, agora, o mercado imobiliário volta a aquecer. Ainda conforme o especialista, o momento é bom tanto para compradores, quanto para vendedores.
“Nós viemos de um ano desafiador, que foi 2016, com economia, política. O cliente está voltando a procurar e isso está revertendo em vendas. O cliente procura, a gente enquadra ele no que ele realmente pode comprar e conseguir o financiamento e isso realmente melhorou as vendas. Estamos com vários lançamentos, e acreditando bastante que vai ser um ano de retomada no mercado”, conta.
Andreolli acredita que, com esse enquadramento, os resultados virão. Ele afirma que com o subsídio e a taxa de juros menor, o financiamento fica facilitado para esse nível de público. Além disso, ele lembra que o programa exige que o FGTS seja usado para dar entrada no imóvel, para ter uma taxa de juros menor.
“Se você não tiver o FGTS, você enquadra também no valor da sua renda, mas com a taxa de juros menor você tem um redutor nessa taxa, de meio por cento, então se ele ia ganhar 5%, ele vai ganhar 4,5%. Isso, em 360 meses, que é o que tempo de financiamento do programa, diminui bastante o valor da parcela dele”, lembra.
O único problema nas novas regras, segundo o especialista, é que o programa poderia ter aumentado o teto de valor do imóvel. Ele conta que, tanto em Goiânia quanto em Aparecida de Goiânia, os valores permaneceram R$ 180 mil e R$ 170 mil, respectivamente.
“Se tivesse subido um pouco mais, com esse pessoal que melhorou a renda, eles se enquadrariam no programa e entrariam mais imóveis também para dentro da negociação”, analisa.
A URBS RT Lançamentos, em parceria com a FR Incorporadora, lançou um empreendimento que se enquadra no Minha Casa Minha Vida, já que os valores vão de R$ 155 mil a R$ 165 mil. Segundo ele, quase 90% das vendas já concluídas e a entrega do imóvel é para daqui um ano. “Estamos bem acelerados na vendas. Mas a partir do momento da divulgação das novas regras do MCMV, houve aumento na especulação do cliente, que isso pra gente é um bom negócio”, conta.
Antes das alianças, a casa
A advogada Pâmella Rúbia Ferreira Morata, de 27 anos, foi uma das que aproveitou o momento para adquirir a casa própria. Noiva do auxiliar contábil Elias de Morais Correia Lima, ela afirma que o casal comprou um apartamento no final de janeiro e chegou a adiar a data do casamento, que seria em novembro, para esperar a entrega das chaves.
“Adiamos nosso casamento para aguardar receber as chaves do apartamento. Se não fosse o subsídio e os juros do programa, não teríamos conseguido. Nós utilizamos o FGTS na entrada para abatimento e conseguimos subsídio de 9 mil junto ao programa e foi bom porque diminuiu ainda mais o valor”, afirma a advogada.
A entrega das chaves foi marcada para junho, mas como sabe que a data pode sofrer alteração, Pâmella conta que prefere esperar a entrega das chaves, para marcar a nova data do casamento. “Foi a paralização de um sonho, [que é] o nosso casamento, mas ao mesmo tempo é a maior alegria das nossas vidas a possibilidade da casa própria, e que tem mostrado que vai valer a pena toda essa espera”, afirma a advogada.
O que atraiu Pâmella nas novas condições do MCMV foi a facilidade do acesso e o aumento do valor da renda aceita para o programa. Segundo ela explica, entre as principais condições que eram avaliadas pelo casal na hora da compra estava o valor do imóvel.
“Estávamos olhando um local com o valor de até R$ 180 mil, porque era o que caberia no nosso orçamento e achamos um que era com o subsidio e o nosso apto ficou com o valor de R$ 156 mil. Demos a entrada e parcelamos o restante”, conta a advogada.
Fonte: G1