Falta consenso sobre proposta que altera regras de aquisição de imóveis rurais por estrangeiros

0

Representantes do Ministério de Relações Exteriores e do Ministério da Defesa não chegaram a um consenso nesta quinta-feira sobre a proposta que modifica regras para a aquisição de imóveis rurais por estrangeiros no País.

Representando o Ministério da Defesa, Paulo Cézar Brandão criticou o dispositivo do projeto que não prevê restrições para a compra ou arrendamento de terras por pessoas jurídicas brasileiras que sejam controladas direta ou indiretamente por estrangeiros.

Banner SEBRAMI é o único evento do setor criado exclusivamente para capacitar e atualizar corretores e profissionais do mercado imobiliário

Em debate proposto pelo deputado Heitor Schuch, do PSB do Rio Grande do Sul, na Comissão de Agricultura e Pecuária, Brandão disse que o dispositivo representa uma ameaça à soberania nacional.

“Em síntese, esse dispositivo retira do estado a prerrogativa de monitoramento e controle sobre aquisições indiretas de terras por estrangeiros”.

O representante do Ministério da Defesa também questionou o trecho do projeto que revoga a legislação atual e regulariza todas as compras de terras já realizadas até o momento por empresas ou cidadãos estrangeiros no País.

“Convalidar ou ratificar as aquisições anteriores é uma ameaça à soberania nacional, pois o Estado brasileiro hoje não possui um controle efetivo sobre as reais transações efetuadas por empresas nacionais com capital predominantemente estrangeiro”.

Por outro lado, ao analisar o projeto, o Itamaraty entende que o texto pode aproximar o Brasil de eventuais acordos de investimento firmados com outros países no âmbito da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE, como explica Norberto Moretti, que representou o Ministério das Relações Exteriores na audiência.

“A proposta vai na direção de não discriminação entre empresas brasileiras ou controladas por estrangeiros. A consequência pratica é que o investidor estrangeiro, sob a forma de uma empresa nacional de capital estrangeiro, terá o mesmo tratamento que uma empresa brasileira”.

O deputado Heitor Schuch, que propôs o debate, se disse contrário à proposta.

“Não podemos nem permitir falar que agricultor familiar esteja correndo o risco de perder sua terra para estrangeiros. Estaremos realimentando a indústria dos sem-terra. Portanto, o Brasil precisa antes cuidar bem dos brasileiros. Pode até trazer gente de fora, mas não entregando a terra.”

Também contrário ao projeto, o representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil a CNBB, Guilherme Delgado, disse que o texto é inapropriado, porque descaracteriza a função social da terra e põe em risco comunidades tradicionais, como índios e quilombolas, e a soberania nacional.

Reportagem – Murilo Souza

Fonte: Câmara dos Deputados

Deixe seu comentário