Para revitalizar imóveis antigos e gastar menos é necessário racionalizar as reformas

Brasília, cidade inaugurada em 1960, conta com vários prédios antigos no coração da capital, como a SQS 308, uma das quadras mais antigas do Plano Piloto. Apartamentos mais velhos, em geral, são mais presentes que construções novas. Entretanto, seus sistemas elétricos e hidráulicos obsoletos podem causar transtornos.

Gérson Brasil França, técnico em elétrica e mecânica, é morador do Cruzeiro. No início deste ano, o prédio em que ele mora – construído há 30 anos -passou por uma reforma geral. “Foi decidido em assembleia, pelos condôminos, que seria escolhida uma firma com melhor preço e ela faria as obras gerais, em todos os apartamentos. Pagamos as taxas adicionais cobradas pelo condomínio”, explica. Segundo ele, a obra durou quatro meses e foi muito tranquila e trouxe benefícios. “Antes, lâmpadas e aparelhos domésticos queimavam sempre. O chuveiro e a vela do filtro entupiam direto por causa dos encanamentos de ferro. Eu tinha que trocar meu chuveiro de seis em seis meses”, relembra.

Ainda não é raro encontrar encanamentos de ferro nos apartamentos mais antigos da capital. Interruptores antiquados e em apenas uma única parede dos cômodos também podem ser achados com frequencia. Fazer uma retrospectiva dos motivos que levavam a antigos modelos de instalações é interessante para entender demandas passadas, como analisa o arquiteto e decorador Henrique Bezerra. “As necessidades dos imóveis de Brasília, há 50 anos, eram diferentes das de hoje. O ideal de conforto em um cômodo, no quesito eletricidade, era apenas uma luminária, um rádio e no máximo uma televisão. De alguns anos para cá, o uso das instalações elétricas nos quartos é muito maior: com computador, Internet, impressora, carregadores de laptops, de celulares etc”.

As melhores soluções para esse tipo de desconforto são as reformas. Ou ‘retrofit’, como é conhecida a revitalização interna de imóveis, segundo o arquiteto e dono de construtora Luis Zeferino. O primeiro passo, segundo ele, é a verificação das tubulações hidráulicas. Se elas forem de metal e em processo de deterioração, é necessária a troca para canos de PVC para evitar vazamentos. “Quanto à fiação de força elétrica, deve haver a troca a cada 20 ou 25 anos. O uso de equipamentos que puxam mais energia e de artefatos de ‘luminotécnica’ (efeitos de luz) mais elaborados colabora para o desgaste mais rápido da fiação”, afirma o especialista. Para ele, o custo-benefício da revitalização de imóveis vale a pena. Assim, além de melhorar a segurança do apartamento, as reformas servem para agregar valor aos imóveis. “Na hora de vender, o proprietário sai ganhando”, atesta.

O engenheiro civil e construtor Paulo Muniz acredita que não há paliativos para serem usados quanto à durabilidade de materiais hidráulicos e elétricos. “Você pode até trocar parte de uma tubulação, mas, certamente, ela trará problemas futuros e terá que ser substituída novamente”, afirma. “Vale investir nos melhores materiais, que durarão mais e não causarão dor de cabeça mais à frente”, completa. Entretanto, não é todo mundo que pode pagar caro pelas obras. Elas demandam gastos inevitáveis e crescentes, já que uma reforma acaba se atrelando à outra. “Uma obra exige itens de segurança que estejam dentro de padrões e normas técnicas. É difícil gastar pouco em uma reforma, para isso é preciso racionalizá-la”, indica o arquiteto Henrique Bezerra. “Para racionalizar uma obra, a presença de um especialista é essencial, já que ele irá pensar no melhor encaminhamento e na forma que seja mais econômica ao orçamento do cliente”, afirma o engenheiro.

Para diminuir custos, algumas alternativas são viáveis. “O uso de sancas é indicado para quem não quer quebrar todas as paredes, mas precisa trocar encanamentos. As sancas de gesso cobrem os traços da reforma”, sugere Bezerra. Outra solução é implantar todas as tomadas e interruptores em um mesmo nível. “As tomadas médias, de altura aproximada de 1,05 metro, otimizam o processo da obra por utilizarem um duto só, além de serem mais acessíveis às pessoas”, completa.

Fonte: Lugarcerto

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