Programas específicos oferecidos aos proprietários de imóveis e prazos maiores aos inquilinos inadimplentes vêm sendo encarados como uma luz no fim do túnel diante do cenário desafiador do mercado imobiliário.
A inadimplência entre os brasileiros chegou a um patamar recorde, atingindo cerca de 70 milhões de brasileiros, segundo reportagem publicada no jornal Valor Econômico, em maio deste ano. Dados obtidos com a Paschoalotto pela reportagem apontam, ainda, que a soma das dívidas no país supera o montante incrível de R$ 438 bilhões.
O aumento da inadimplência no Brasil afeta diversas áreas da economia e tem colocado um dos principais mercados em alerta: o imobiliário. Com isso, a pergunta que não quer calar é: o que as imobiliárias brasileiras estão fazendo – ou precisam fazer – para driblar a alta da inadimplência no setor de locação de imóveis?
De acordo com o CEO da Foco Negócios Imobiliários da cidade de Sorriso, no interior do Mato Grosso, Tiago Borba, para vencer os efeitos negativos impostos pela inadimplência, os imobiliaristas precisam, antes de qualquer coisa, trabalharem em conjunto para reforçar a importância de serviços como a gestão patrimonial profissional, aspecto que pode antecipar possíveis riscos de um não pagamento no futuro.
“No mercado imobiliário, principalmente no setor de locação de imóveis, faz toda a diferença para quem é dono de uma propriedade ter alguém que analise com exatidão o histórico da taxa de inadimplência do potencial inquilino e verifique seus rendimentos, além de consultar órgãos de proteção ao crédito. Esse tipo de consultoria ajuda a reduzir inúmeras possibilidades ligadas a uma possível falta de pagamento”, salienta.
O endividamento na região de Sorriso pode ter crescido 70%, bem mais do que o mostra a pesquisa da Paschoalotto, que mostra que 50,15% das pessoas no estado estão endividadas, revela o especialista.
Outra solução que vem sendo enxergada como algo muito além que uma alternativa valiosa, mas como uma luz no fim do túnel no atual cenário [o do mercado de locação de imóveis] tem sido programas apresentados como “Aluguel Garantido”, oferecidos aos proprietários e investidores. A iniciativa assegura aos donos dos imóveis receberem o valor integral do aluguel mesmo que o inquilino não pague.
“Além de garantir o recebimento de até três meses de pagamento do aluguel, ele [o aluguel garantido] minimiza as chances da inadimplência e outros efeitos quando há situações dessa natureza, como o desgaste em negociações com os devedores, por exemplo”, pontua.
Contudo, estratégias como essas podem garantir, inclusive, outro benefício às imobiliárias em meio ao cenário desafiador: o da retenção da carteira de proprietários de imóveis. “Com a escassez de imóveis disponíveis para locação em todo o país, muito mais importante que angariar novas propriedades para o portfólio é manter os que já estão ‘na casa’”, reforça.
Mais tempo para inadimplentes
Inquilinos que por alguma razão deixam de pagar o aluguel também vêm se beneficiando com a iniciativa, já que a iniciativa pode resultar em um tempo a mais para a renegociação das dívidas. Com as principais imobiliárias do Brasil “comprando a dívida que antes era devido ao proprietário”, elas possibilitam o parcelamento do débito – prazo pode chegar a até 21 vezes – através de cartão de crédito. Além de uma alternativa valiosa para o inquilino, iniciativas assim acabam contribuindo para uma redução significativa dessa inadimplência.
“O não pagamento de um aluguel não significa que o prejuízo fica a cargo da imobiliária. Mesmo que a inadimplência esteja em um crescimento constante, mais de 85% das renegociações são resolvidas administrativamente antes mesmo de chegarem à esfera judicial” conclui.