O fim dos contratos de gaveta e o impacto do CIB no mercado de locações

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O fim dos contratos de gaveta e o impacto do CIB no mercado de locações

A partir de 2026, o famoso “contrato de gaveta” aquele acordo informal entre locador e inquilino, sem registro ou declaração oficial deixará de ser uma prática segura.

A Receita Federal passará a identificar automaticamente contratos não declarados por meio do Cadastro Imobiliário Brasileiro (CIB), um novo sistema nacional que cruzará informações de cartórios, bancos, prefeituras e concessionárias de serviços públicos.

O resultado?

A formalização das locações se tornará obrigatória na prática e quem insistir em manter acordos informais estará sujeito a multas pesadas e fiscalização automática.

🏠 Como o sistema vai detectar contratos de gaveta

O CIB será um identificador único de imóveis, reunindo dados sobre propriedade, ocupação, IPTU e transações em uma única base integrada.

Essas informações serão cruzadas com as bases da Receita Federal, incluindo movimentações bancárias (via e-Financeira), contas de consumo e declarações de imposto de renda.

Na prática, o sistema conseguirá detectar situações como:

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  • Quando o inquilino declara o endereço como residência, mas o proprietário não declara o rendimento de aluguel;
  • Transferências mensais recorrentes entre as mesmas pessoas sem justificativa clara;
  • Diferenças entre o valor declarado de ocupação e os dados cadastrais do imóvel.

Esses indícios serão suficientes para abrir uma fiscalização automática, que poderá resultar em autuações e multas.

⚖ A base legal da nova fiscalização

O novo modelo é sustentado por um conjunto de normas já em vigor e pela regulamentação recente do CIB:

  • Lei nº 8.245/1991 (Lei do Inquilinato)continua permitindo contratos verbais, mas a falta de formalização agora será facilmente identificada digitalmente.
  • Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/1966) – determina a obrigação de declarar rendimentos, inclusive de aluguel.
  • Decreto nº 9.580/2018 – estabelece o Carnê-Leão como forma de recolhimento mensal do imposto devido.
  • Instrução Normativa RFB nº 2.278/2025 – amplia o cruzamento eletrônico de informações entre bancos, cartórios e prefeituras.
  • Cadastro Imobiliário Brasileiro (CIB)previsto para entrar em operação em 2026, começando pelas capitais e se expandindo gradualmente.

Essas normas consolidam o arcabouço jurídico que permitirá à Receita Federal detectar, de forma automatizada, contratos informais de locação.

💰 Multas e penalidades

A Receita será rigorosa com quem não declarar as locações:

Para o proprietário (locador):

  • Multa de 75% sobre o imposto devido, podendo dobrar em caso de fraude intencional;
  • Cobrança retroativa de até cinco anos, com juros e correção;
  • Risco de processo criminal por sonegação fiscal.

Para o inquilino (locatário):

  • Multa de 20% sobre os valores omitidos;
  • Possível malha fina se o endereço declarado não coincidir com o informado pelo CIB;
  • Enquadramento por conivência em fraude fiscal, caso comprovado o conhecimento da omissão.

🧾 Como se preparar para 2026

A regularização é a melhor forma de evitar dores de cabeça.
Tanto proprietários quanto inquilinos precisam formalizar seus contratos de aluguel e manter suas declarações em dia.

Para o locador:

  • Elabore contratos escritos e registrados;
  • Utilize o Carnê-Leão para recolher mensalmente o imposto sobre o aluguel;
  • Declare todos os rendimentos na Declaração de Imposto de Renda.

Para o locatário:

  • Exija contrato formal;
  • Declare os valores pagos na ficha “Pagamentos Efetuados” do IR;
  • Prefira pagamentos via transferência bancária ou Pix, que comprovam as transações.

Esses cuidados garantem conformidade fiscal e segurança jurídica para ambas as partes.

🧩 O papel do Cadastro Imobiliário Brasileiro

O CIB é o coração dessa nova fase de modernização do mercado imobiliário.
Com ele, cada imóvel do país terá um código identificador único, permitindo ao poder público rastrear quem é o proprietário, quem ocupa o imóvel e quais movimentações financeiras estão associadas a ele.

Além de combater a informalidade e fim dos contratos de gaveta, o sistema promete trazer mais transparência, confiança e valorização ao setor imobiliário.

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