O mercado imobiliário brasileiro continua em alta em 2025, mesmo em meio a restrições de crédito imobiliário. No primeiro semestre, as vendas de imóveis cresceram cerca de 16%, impulsionadas pelo aumento da renda real da população, geração de empregos e programas sociais. Esse avanço confirma que a compra da casa própria segue no radar das famílias brasileiras.
Entretanto, o crédito imobiliário tem criado obstáculos na aquisição de imóveis. A principal fonte de recursos do setor, a Caderneta de Poupança, vem perdendo força, o que pressiona o custo do crédito e pode impactar o ritmo de crescimento nos próximos anos.
Menos recursos da poupança, mais custo no financiamento
Entre janeiro e maio de 2025, foram financiadas apenas 24 mil unidades habitacionais com recursos da poupança, uma queda de 62,9% em relação ao mesmo período de 2024. Em valores, a redução foi de R$ 15,5 bilhões para R$ 7,1 bilhões (-54,1%).
No financiamento à produção, a retração foi ainda maior:
- 81,8 mil unidades em 2024 → 32 mil em 2025 (-60,8%).
- Em valores, a queda foi de 54,1%.
Já o crédito para aquisição de imóveis apresentou leve crescimento: +8,1% em número de unidades e +3,6% em valores. Isso mostra que os bancos têm priorizado o comprador final em detrimento do financiamento à construção.
Impactos no setor da construção
Apesar da dificuldade de crédito, o mercado continua aquecido: lançamentos cresceram mais de 15% no semestre e o setor de construção ultrapassou a marca de 3 milhões de empregos formais, o maior número em mais de uma década.
No entanto, a falta de recursos mais baratos eleva os custos para construtoras e compradores. Alternativas como LCIs, CRIs, LIGs e fundos imobiliários têm ganhado espaço no financiamento, mas com juros mais altos em comparação à poupança.
Perspectivas para o crédito imobiliário
Especialistas apontam que a poupança deve ser cada vez mais direcionada para financiamentos de longo prazo e pessoa física, enquanto os recursos de curto prazo tendem a migrar para outros instrumentos do mercado financeiro.
Estão em discussão medidas como:
- Ajustes nos depósitos compulsórios dos bancos.
- Incentivos para ampliar investimentos em LCIs e CRIs.
- Novas regras que garantam previsibilidade no crédito imobiliário.
A tendência é de diversificação das fontes de funding, garantindo a continuidade do crescimento do setor, mas com maior seletividade e custos que ainda podem pesar no bolso do consumidor.