SÃO PAULO – Não é de hoje que o investimento em imóveis está entre os preferidos dos brasileiros. A novidade é que, no ambiente em que as pessoas se preocupam cada vez mais com a renda depois da aposentadoria, o segmento imobiliário surge como opção para a poupança de longo prazo.
Especialistas indicam o segmento como uma alternativa para aumentar a renda na terceira idade. Ou seja, não se recomenda que todo o dinheiro seja imobilizado em um imóvel. A vantagem não está na rentabilidade, pois as taxas de aluguel raramente batem os melhores produtos de renda fixa e previdência. É inegável, porém, o benefício da diversificação proporcionada por uma pequena carteira de imóveis, avalia o consultor Gustavo Cerbasi.
No caso de uma crise, o pior efeito é a perda do inquilino, não do patrimônio, enquanto alguns produtos financeiros, quando mal escolhidos, podem trazer até perdas totais. Atualmente, o aluguel mensal equivale a cerca de 0,5% do valor do imóvel. Quando o retorno atinge 1%, está super bem alugado, diz o economista Francis Brode Hesse.
Em termos de valorização, a história tem mostrado que os imóveis também são boa opção. Nos últimos três anos, enquanto o preço dos imóveis avançou 85%, o Ibovespa subiu 47,8%.
Em geral, imóveis pequenos, como salas comerciais e apartamentos de dois dormitórios, são os mais indicados, pois têm três características: oferecem retornos mais atrativos, têm muita procura não ficam desocupados por muito tempo e se encaixam na estratégia de diversificação da carteira (por causa do valor).
A porcentagem de retorno tende a se reduzir em imóveis de valor elevado, diz o economista Marcos Silvestre. ?Para fins de aposentadoria, os imóveis pequenos são mais interessantes, pois permitem redução do custo de vacância?, completa Cerbasi.
O principal risco quando se pensa em imóveis é a liquidez, mas até isso pode se tornar uma vantagem no caso da aposentadoria. Nessa época, o aposentado precisa de um fluxo de caixa periódico. Não é muito bom que esteja líquido porque pode sofrer assédio de familiares e amigos, pondera Silvestre.
Alternativa
Ainda assim, quem teme ficar sem liquidez pode optar pelos produtos financeiros atrelados aos imóveis.Fundos imobiliários negociados em bolsa de valores permitem que, com um pequeno valor, o investidor consiga aplicar num conjunto de imóveis, diz o professor da Fipecafi Luís Eduardo Afonso.
Nessa aplicação, por cotas que custam a partir de R$ 1 mil, o investidor recebe mensalmente o rendimento do aluguel proporcional ao número de cotas que possui. A vantagem é que fundos imobiliários envolvem grandes imóveis, em que a inadimplência tende a ser menor?, diz o sócio do escritório PMKA Advogados Juliano Cornacchia.
Com uma quantia pequena, compra-se um pedaço de um grande imóvel, acrescenta. Outro benefício é a isenção de Imposto de Renda para as pessoas físicas.
Quem fizer a opção por um imóvel físico deve saber que algumas questões devem ser observadas. Entre elas, as despesas de condomínios e impostos. ?Geralmente, elas são de responsabilidade de do locatário. Mas, se ele deixa de pagar, o imóvel será onerado. Quem sairá perdendo é o proprietário?, aponta Cornacchia. A recomendação é de que esses custos sejam acrescidos ao valor do aluguel, mas pagos pelo próprio dono do imóvel.
Despesas extraordinárias, como a ampliação da infraestrutura do condomínio, também são de responsabilidade do proprietário, explica o advogado.