Falta de imóveis residenciais para alugar

O mercado de locação residencial está aquecido. O setor tem crescido após as melhorias efetuadas na Lei do Inquilinato, que tornaram mais equilibradas as relações entre inquilinos e proprietários.

O ritmo, todavia, não se mostra suficiente para acompanhar a dinâmica da economia. A falta de oferta já repercute nos preços. Nos últimos 12 meses, o valor das novas locações subiu em média 14%, pouco acima do IGP-M, índice que corrige os contratos.

De modo geral, o preço dos aluguéis espelha o que está acontecendo no mercado de comercialização de novas residências, cuja valorização está muito além da inflação. Na esteira desse processo, também os imóveis usados têm apresentado sensível elevação.

Porém, o volume de investimentos em unidades para locação não acompanha esse cenário. Motivo: geralmente, a renda proporcionada situa-se entre 0,5% a 0,8% ao mês (o nível desejável seria de 1% ao mês). O investidor prefere aplicar seus recursos em outros ativos, pois os juros encontram-se altos e a remuneração do aluguel aparenta ser inferior.

Essa situação é a grande responsável pela atual falta de oferta de imóveis para alugar, no mercado residencial. No setor comercial – galpões industriais e escritórios -, o rendimento é um pouco maior. Mas o modelo de negócio é diferente. Não raro, o terreno foi adquirido há muitos anos e há players mais especializados, como fundos de investimento, que adquirem complexos logísticos ou alugam escritórios para grandes empresas de porte internacional.

Para o cidadão comum, ou seja, a maioria de nós, a rentabilidade da locação costuma ser um pouco maior do que a da poupança. Porém, as pessoas permanecem no mercado, pois sabem que o patrimônio imobiliário oferece a segurança de cobrir a desvalorização do dinheiro, como ficou claro nas épocas de acentuada inflação. E ainda hoje é assim: o imóvel está sempre à frente das atualizações monetárias. Tal raciocínio acompanha quem usa o aluguel para complementar renda ou compor a aposentadoria. Em muitos bairros o mercado funciona dessa forma. São milhares de casinhas alugadas por viúvas ou aposentados que sobrevivem com essa renda.

Uma maneira de tornar o investimento em aluguel realmente atraente e, com isso, multiplicar a oferta de unidades disponíveis, é a desoneração. Se o governo deixar de cobrar imposto de renda das locações (e são até 27,5% sobre o valor a receber), haverá efetiva atração de novos investidores com seu substancial fluxo de recursos.

Consideramos que aluguel também é moradia digna. Está na hora de se pensar seriamente em dinamizar esse setor para que milhões de famílias possam ser adequadamente atendidas.

Autor: Francisco Virgilio Crestana é vice-presidente de Gestão Patrimonial e Locação do Secovi-SP.

Fonte: R7

Deixe seu comentário