O futuro da profissão do Corretor de Imóveis será se transformar no Camelô de Imóveis

Para esse texto corretor de imóveis será sempre aqueles que pelos menos fizeram o curso de Técnico de Transações Imobiliárias, que mesmo sem ser uma grande formação, não deixa de ser uma profissionalização, uma preparação e uma porta para entrar na profissão de corretor de imóveis. Não vou me ater ao passado porque não existia essa necessidade de formação, nem a profissão era regulamentada e qualquer um podia ser corretor de imóveis, do mesmo jeito que hoje em dia qualquer um pode ser corretor de automóveis.

Antes de falarmos do corretor de imóveis falemos um pouco do camelô, aquele vendedor ambulante, que pega uma porção de “bagulhos”, “bugigangas”, “tralhas” e vai vender em um ponto qualquer de uma rua, numa festa ou em qualquer outro lugar. É o chamado ambulante que vende nas calçadas, nos becos, nas rodovias, enfim em qualquer lugar.

Em geral o vendedor ambulante não tem uma qualificação, não estuda para ser vendedor de rua e vai ser porque não encontra outra coisa para fazer, como um emprego com carteira assinada por exemplo. Em função disso ele resolve ser “mascate” termo antigo que representava o vendedor porta a porta e vai com sua carroça, seus “brebotes” oferecer seus produtos aos potenciais clientes.

No meio dos camelôs não existe o exercício ilegal da profissão, quem quiser ser, é só chegar com seus “bagulhos” e botar para comercialização. Já nomeio dos corretores de imóveis, por ser uma profissão regulamentada existe a figura do falso corretor, apelidado de “Zangão” pelos corretores legais.

O grande problema é que são tantos “zangões”, são tantos falsos corretores que atualmente a profissão de corretor está ficando igual a de camelô.

Em breve o nome deixará de ser “corretor de imóveis” e passará a se chamar “camelô de imóveis” e ao invés de pentes, espelhos, radinhos de pilha, pipoca, algodão doce que são as matérias primas dos ambulantes, o camelô de imóveis vai ter também uma carrocinha ou um tabuleiro com a marca da imobiliária na qual ele atua de forma irregular e ele sairá pelas ruas gritando: Olha ai “Minha Casa, Minha Vida”, “2 Quartos com suíte”, “2 Vagas de garagem”, “Terrenos pontos para construir”, ao mesmo tempo em que oferece os panfletos dos imóveis que são os seus “parangolés” do mercado imobiliário.

Temos visto diariamente nas imobiliárias, nas redes sociais, os “zangões” trabalhando livremente. As imobiliárias colocam “secretárias” que funcionam como verdadeiros agentes de vendas.

Do mesmo modo também assistimos os bancos oficiais com seus correspondentes que também funcionam como “corretores de imóveis” disfarçados fazendo financiamentos, oferecendo produtos imobiliários e, enquanto isso, o verdadeiro corretor vai sendo marginalizado, escanteado, colocado no banco de reserva pelos maus empresários que tiram vantagem dos desempregados, dos sem ter o que fazer.

Trazem eles para seus escritórios e os colocam para dar plantões em situações degradantes e sem nenhuma perspectiva de algum ganho e eles só vão perceber que perderam tempo, depois de dois ou três meses e então vão deixar de ser “falso corretor”, “zangão” e vão procurar emprego nas sapatarias, nas lojas de departamentos, nos supermercados.

Essa semana encontrei três desses que passavam o dia todo na internet e nos plantões, postando imóveis da imobiliária em que “pareciam ser corretores” decepcionados com a profissão e que voltaram a trabalhar em sapatarias e lojas de eletrodomésticos.

Não podemos esquecer que as construtoras também colaboram com essas irregularidades colocando seus funcionários, muitos dos quais sem serem corretores para venderem, oferecerem os produtos da empresa e negociarem imóveis como se fossem corretores.

Para se ter uma ideia da desvalorização do profissional de corretagem imobiliária, cito como exemplo o que um corretor me disse essa semana, mostrando que numa cidade aqui pertinho de Caruaru, no escritório do “DELEGADO DO CRECI” isso mesmo, do delegado do Creci, tem vários zangões que trabalham para ele.

Assim, sem uma fiscalização eficiente, ágil e presente a profissão de corretor de imóveis, vai se transformando na de “camelô de imóveis” sem nenhuma ação do órgão fiscalizador para ampliar a fiscalização, combater com mais eficácia as irregularidades e atender com mais presteza as denúncias que são feitas e que segundo alguns denunciantes são engavetadas.

Cabe destacar ainda que outra forma de se colocar pessoas não habilitadas para efetuar a venda de imóveis são os portais imobiliários que oferecem produtos através da web, dispensando a figura do corretor, a exemplo do site “quintoandar.com” e tantos outros que atuam livremente.

É por isso, que alguns corretores, a exemplo de Alexandre Barbosa Maciel de Caruaru defende a Reserva Exclusiva de Mercado para o corretor de imóveis que na verdade é um mecanismo que obriga a participação de um profissional (corretor) no fechamento da transação imobiliária.

É por isso que outros corretores como Jorge Barros do ES, são soldados vigilantes e combatentes ativos do exercício ilegal da profissão cobrando a legalidade nas publicações imobiliárias e, sendo muitas vezes, mal compreendidos pelos seus colegas de profissão, em geral àqueles que estão em situação irregular, seja por não ter a habilitação, seja por não pagar a anuidade, seja por não pagar o sindicato.

Aliás, esse é outro tema que está sendo muito discutido, qual o verdadeiro sentido do pagamento da anuidade e para que serve esses recursos, mas esse é um assunto para um próximo futuro, nesse momento vamos nos ater a questão do exercício ilegal da profissão, visto que temos recebido centenas de e-maisl denunciando “zangões” em tudo que é lugar, já sendo apelidados de “CRECICUNGUNHA” que é a invasão de falsos corretores no mercado.

Para não sermos acusados de não ter ouvido os dois lados da história vamos procurar o setor de fiscalização do Creci e os delegados das cidades para fazermos uma matéria sobre os problemas encontrados e as providências que estão sendo tomadas.

Por Tomaz de Aquino

Fonte: Rota 232

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