Desde que a crise econômica praticamente paralisou o mercado, a principal imobiliária do Rio viu o faturamento cair 75% neste ano após ter superado R$ 3 bilhões em vendas em todos os anos entre 2007 e 2013. […] “Às vezes eu acho que [retomada] será mesmo só em 2019. Às vezes eu fico pensando que nunca mais vai ser como era, e nem sei se precisa, porque dessa maneira estragou”
Com estoque entre 7 e 8 mil imóveis encalhados na carteira, a Patrimóvel planeja adotar novo modelo de gestão a partir de 2017 para reduzir a estrutura da empresa e implementar uma estratégia mais ligada ao consumidor final. Desde que a crise econômica praticamente paralisou o mercado, a principal imobiliária do Rio viu o faturamento cair 75% neste ano após ter superado R$ 3 bilhões em vendas em todos os anos entre 2007 e 2013. A partir de 2014, junto com o aprofundamento da crise, a receita foi caindo e deve fechar 2016 em um patamar inferior a R$ 900 milhões.
Na nova versão, a empresa, que já chegou a ter 2 mil corretores no auge do mercado 2007 a 2013 e agora tem menos de 800 , será dividida em cinco imobiliárias menores, com centro de custo próprio, orçamento dividido e metas exclusivas. A Patrimóvel funcionará como uma holding, explicou o presidente Rubem Vasconcelos, com a função de fornecer imóveis e fazer o relacionamento com as construtoras e conquistas as unidades para venda.
“O mais importante é o atendimento. Agora temos que agarrar o cliente, ter ele e não deixar que fuja”, disse Vasconcelos. Imobiliárias menores podem dar mais atenção aos clientes, buscar novos negócios, acredita o presidente da Patrimóvel. No passado recente, não faltavam investidores com recursos para comprar imóveis. Agora, o foco é o consumidor familiar, que deseja uma casa para morar.
No quarto trimestre, o mercado imobiliário no Rio começou a sair da inércia e vem apostando em lançamentos menores, de olho em um público que ainda planeja ter a casa própria. Até o fim de 2016, a Patrimóvel vai vender cinco lançamentos: dois residenciais em Botafogo, na zona sul carioca, um na Barra da Tijuca e outro no Cachambi, na zona norte.
Fracasso olímpico
A Olimpíada impulsionou as construções imobiliárias no Rio e inflacionou o mercado, que mesmo antes dos Jogos já vinha encontrando dificuldades nas vendas. Projetos como a Vila dos Atletas, com 3.604 unidades ao lado do Parque Olímpico da Barra, vendeu menos de 10% dos apartamentos até o início da competição. Na avaliação de Rubem Vasconcelos, grandes condomínios terão mais dificuldades para vender, mesmo reduzindo preços abaixo do custo de produção em alguns casos.
“O objetivo hoje é vender o estoque, o mercado está se ajustando”, vê o presidente da Patrimóvel. O próximo ano deve melhorar a expectativa, período de pequena recuperação. “Às vezes eu acho que [retomada] será mesmo só em 2019. Às vezes eu fico pensando que nunca mais vai ser como era, e nem sei se precisa, porque dessa maneira estragou”.
Fonte: Observador do Mercado