É comum encontrar corretores que insistem em levar o pensamento: “Não estou nem aí para o trabalho, para a qualidade do serviço prestado, para o uniforme da imobiliária, para a organização de meu espaço de trabalho, muito menos estou preocupado com a satisfação do cliente”. Já outros, até cumprem os horários nos plantões de vendas, no entanto, o fato de estarem nas vitrines dos standes, acompanhados de uma maquete – que por vezes até desconhecem o empreendimento – não é, necessariamente, sinônimo de boas vendas ou, de um bom profissional.
Certa vez, durante uma palestra para corretores, pedi para que todos refletissem sobre o comprometimento no trabalho e que dessem uma nota de zero a dez para avaliarem sua dedicação pessoal. O exercício era individual e ninguém precisaria se expor. Porém, um participante ficou de pé e pediu a palavra. Fui até ele e entreguei o microfone. Ele disse diante de todos os colegas que ali estavam: “Sr. Paulo Oliveira, eu não sou comprometido no trabalho. A nota máxima que eu atribuo para meu comprometimento é quatro”. E continuou: “Há muito tempo esperamos um espaço de trabalho melhor, um ambiente amistoso, uma comissão melhor, enfim, por esses motivos não sou comprometido no trabalho”.
Ao fim da fala revestida de desabafo, agradeci a participação dele, retornei ao palco e alertei a todos que, não devemos ficar esperando que as condições externas tornem-se favoráveis para agirmos com qualidade.
Como fica a sua consciência ao colocar a cabeça no travesseiro antes de dormir, pensando “tô nem aí”? Quais os valores estamos ensinando para nossos filhos, se diante dos limites que temos, ao invés de enfrentarmos de forma inteligente, ficamos esperando o mundo mudar para depois nos dedicarmos?
Durante essa mesma palestra, enfatizei que comprometimento é uma questão de responsabilidade, ou seja, ser responsável significa ser aquele que responde por algo, é estar consciente de seu papel e de suas obrigações, independente do cargo, tarefa ou empresa é algo que tem que ser desenvolvido dentro de você.
Obviamente que as empresas precisam proporcionar um ambiente agradável para o trabalho, possibilitando condições para que as pessoas sintam-se bem no que fazem. Não posso deixar de mencionar aquelas tendas de plástico que são colocados nos plantões de vendas, geralmente nos loteamentos onde os corretores tem que amarrar com uma pedra para o vento não levar. Muitas vezes os corretores ficam até sem água. Falo por conhecimento de causa, passei por tudo isso, e tive que encontrar meio de superar os obstáculos.
Outro fato que não posso deixar de citar são os gerentes de corretores, os quais também devem ser participativos, empáticos, dar apoio sempre que necessário, treinar e ser suporte para as equipes. Nenhuma melhoria ocorre nas empresas se não houver uma mudança positiva nas atitudes dos líderes. Quem está na liderança precisa sentir-se responsável pelo sucesso de seus colaboradores.
Porém, se você fez a escolha de trabalhar como corretor, então seja um profissional responsável, foque na qualidade do que faz e não fique pensando “se o outro não faz, eu não vou fazer, ou o dia que melhorar isso, ou aquilo, aí sim começarei a me dedicar”. Os corretores de sucesso sempre dão a melhor resposta diante das piores adversidades, assim como um jogador de futebol que para ser convocado para Seleção Brasileira não deve esperar a convocação cair do céu, mas precisa mostrar seu talento, na prática, fazendo o seu melhor a cada dia.
Portanto, se o seu objetivo é se destacar profissionalmente, tenha como marca forte o comprometimento, reconheça a importância de seu papel e nunca esqueça que o maior responsável pelo seu sucesso profissional é você mesmo.