Senador Flávio Bolsonaro conseguiu retorno de 292% com compra e venda de apartamento em Copacabana, enquanto a valorização média na cidade do Rio de Janeiro foi de 11% no período.
Caso a Justiça não identifique nenhuma irregularidade nas transações financeiras do senador Flávio Bolsonaro (PSL), ele terá muito a ensinar a quem sonha em ganhar dinheiro com o mercado imobiliário.
Documento do Ministério Público (MP) do Estado do Rio de Janeiro, publicado pela revista Veja, dá mostras das possíveis habilidades do filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro no mundo dos investimentos.
Segundo a publicação, em novembro de 2012, o então deputado estadual do Rio comprou um apartamento na avenida Prado Junior, em Copacabana, por R$140 mil. Apenas 15 meses depois, revendeu por R$550 mil.
Flávio conseguiu nada menos que 292% de retorno em pouco menos de um ano e meio. Bem acima da valorização média de imóveis residenciais na cidade do Rio no período, de 11%, de acordo com o índice Fipe Zap.
No mesmo mês, Flávio comprou um imóvel na rua Barata Ribeiro, em Copacabana, por R$170 mil. E fez outro grande negócio, um ano depois, quando revendeu por R$573 mil. Retorno de 237%, ante uma valorização média na capital fluminense no período de meros 9%.
Qual o segredo de Flávio Bolsonaro?
É impossível conseguir tanto sucesso em tão pouco tempo comprando e vendendo imóveis? Tanto não é, que Flávio Bolsonaro conseguiu. Mas é atípico.
“O mercado de imóveis não é um mercado de lucros altos em pouco tempo”, explica Márcio Cardoso, presidente da Sawala Imobiliário, do Rio de Janeiro. “Não é a realidade do mercado imobiliário. É uma compra segura que vai te dar alguma rentabilidade de médio a longo prazo.”
O executivo ponderou que, no período de 2007 a 2014, os imóveis do Rio passaram por enorme valorização, na esteira dos preparativos para os Jogos Pan-Americanos (2007), Copa (2014) e Olimpíadas (2016), sobretudo por causa de melhorias no transporte público.
No ano de 2011, por exemplo, a valorização média em 12 meses chegou a 44,13%.
Cardoso diz que as mudanças pelas quais o Rio de Janeiro passou fizeram os preços de alguns imóveis até mesmo quadruplicarem nos sete anos de “boom” imobiliário. Mas com três coisas em comum:
1) Foram comprados na planta e, naturalmente, se valorizaram após a construção;
2) Foram erguidos em região desvalorizadas, com potencial de valorização;
3) Precisaram de anos – e paciência de seus proprietários – para terem seus valores multiplicados.
Cardoso cita como exemplo um imóvel negociado pela Sawala, construído na região olímpica da avenida Embaixador Abelardo Bueno. Valorizou-se 400% em sete anos.
Ou seja, Cardoso, dono de uma imobiliária, precisou de sete vezes mais tempo do que Flávio Bolsonaro, então deputado, para ter retornos muito acima da média de mercado.
Para os procuradores do Rio, existe algo estranho nesse desempenho.
Entre 2010 e 2017, Flávio gastou R$9,4 milhões com a compra de 19 salas comerciais e apartamentos. Para o MP, “há indícios de subfaturamento nas compras e superfaturamento nas vendas nas transações imobiliárias”.
As negociações, entende o órgão, levantam suspeitas sobre um esquema de lavagem de dinheiro desviado da Assembleia Legislativa do Rio.
Fonte: Valor Investe