Quando comecei a rabiscar os tópicos que eu gostaria de abordar nesse texto, de cara passei a tesoura no ego para não correr o risco de tentar escrever um tratado de economia e nem exercitar a futurologia que, ao final das contas, não têm utilidade preditiva nenhuma para estabelecer qual é o melhor investimento ou a maior furada financeira nesse momento no Brasil.
Afinal, somos um País de técnicos de futebol e, claro, todos nós arriscamos um conselho para um amigo ou um parente, utilizando nossos “fartos” conhecimentos de economia. Mas vamos ao que interessa para analisar apenas a constatação dos fatos e dados disponíveis na imprensa, web e alguns estudos de especialistas.
Depois de quase meio século, alguém teve peito para mexer numa “instituição” brasileira: a poupança.
Desde 1861, quando foi instituída pelo Decreto nº 2.723, a poupança teve fixada sua remuneração em 6% ao ano. Alterada em 1964, ganhou uma parceira de remuneração – a correção monetária – até ter a versão final em 1991, que soma os juros fixos de 0,5% ao mês com a TR (Taxa Referencial).
As novas regras da poupança, anunciadas pelo Governo no início de Maio de 2013, determinam que sempre que a Selic ficar em 8,5% anuais ou menos, o rendimento da “nova” poupança vai render 70% da Selic, mais a TR.
Dia 30 de Maio 2013, a casa caiu. O Banco Central cortou a taxa básica de juros (a Selic) em 0,5 ponto percentual, indo de 9% para 8,5% ao ano.
Na teoria, a cruzada contra “a lógica perversa” do setor financeiro deflagrada pela Presidenta Dilma, é correta na medida em que os juros altos dificultam o crescimento da economia.
Na prática, há pouco impacto na vida do cidadão comum e de quem precisa usar o cheque especial ou cartão de crédito. Só um baita embaraço para explicar que ainda vale a pena abastecer o porquinho. Porque é justamente o cidadão comum, basicamente os de menor renda, que forma o público fiel da “caderneta de poupança”.
Por outro lado, os gurus de plantão enumeram uma penca de razões para apostar as fichas no mercado de ações – o custo de oportunidade de investir em ações diminui, proporcionando um impulso para esse mercado – e no mercado imobiliário.
Quanto às ações não vou me arriscar: não tenho dados nem expertise para isso. Já o mercado imobiliário, dá para fazer uma fezinha.
Nas grandes cidades os preços só fazem subir e as construtoras experimentam um momento único de euforia. Das metrópoles ao interior, canteiros de obras pontilham o tecido urbano numa oferta que, como os preços mostram, não dá conta da demanda.
Antes mesmo da série histórica de reduções dos juros, o mercado já demonstrava esse vigor. Com a queda dos juros imobiliários então, associadas a um ambiente macroeconômico favorável ao crescimento da renda, a expectativa é de expansão da oferta de crédito e de grandes oportunidades em real estate.
O índice FipeZap que mede a valorização mensal do mercado imobiliário em algumas das grandes cidades brasileiras, aponta uma desaceleração nos preços. O composto nacional valorizou apenas 0,9% no mês de Maio/2012.
Contudo, entre Janeiro de 2008 até Maio deste ano, os imóveis na capital paulista sofreram valorização de 138%. No Rio de Janeiro, o mesmo período registrou um aumento de 172%. Desaceleração ainda é crescimento.
Transporte esse quadro para o Espírito Santo… para a Região Metropolitana da Grande Vitória… mais precisamente, para Vila Velha.
Itapoã e Praia da Costa sofreram valorização de 11,3% nos últimos 6 meses. Itaparica, 9,8%…. NOS ÚLTIMOS SEIS MESES.
Em 2017, só nesses bairros, serão mais 36 mil pessoas. 74% dos imóveis em construção naquela área já estão vendidos.
Isso é prova de que os investidores dos 2 grandes shoppings que estão sendo construídos na região não estão doidos. Eles estão baseados em premissas demográficas e socioeconômicas que demonstram as transformações pelas quais passará a demanda habitacional em Vila Velha. E aí? Esse monte de número não é convincente? Tem mais então!
Tá rodando nas redes sociais um comparativo bastante ilustrativo.
Quem comprou um carrão em 2007 por R$130 mil, não consegue vendê-lo agora por R$70 mil e ainda pagou R$18 mil de IPVA.
No mesmo ano, quem comprou um apto de R$70 mil, hoje tem um patrimônio no valor de R$130 mil e ainda faturou R$72 mil de aluguel.
Tá na dúvida ainda? Ahhh… tem o caso da Encol! Em 1999, né?
Amigo! O risco desse pesadelo é o mesmo do seu banco quebrar. É a mesma coisa que pensar que o Governo não vai honrar o pagamento da dívida pública. Ou seja, o risco é baixíssimo.
A saúde das construtoras, que movimenta em sua cadeia produtiva R$215 Bilhões e representa 6% do PIB, diz muito sobre o estado da economia. A construção civil emprega 10% da população economicamente ativa. Os investidores estrangeiros estão enlouquecidos pelos papéis das empresas do segmento que têm capital aberto. Não é um setor perfeito, mas nenhum outro é. Tem problemas a serem resolvidos e os novos modelos de gestão e governança estão sendo cada vez mais difundidos.
Como eu disse: fatos, dados e constatação. Além do mais, o pai do meu pai, e o meu pai me diziam que comprar imóvel era a melhor coisa. Acredito neles. Que visão!
Eu quebrei meu porquinho.
Autor: Sérgio Nunes