Mesmo que a economia comece a se recuperar no fim deste ano, tudo indica que a retomada do setor imobiliário será lenta. O crédito, motor desse mercado, está mais caro e bem mais escasso. Além disso, o desemprego é recorde, e a última coisa que passa pela cabeça de quem está sem trabalho, ou acha que pode ficar sem num futuro próximo, é financiar uma casa.
Diante desse cenário, é compreensível que quem comprou um imóvel nos tempos de euforia, quando o preço subia quase todo mês, sinta uma ponta de arrependimento. Afinal, é na crise que surgem as oportunidades de pagar barato. Diante dessa situação, os compradores não têm dúvida: estão devolvendo os imóveis adquiridos nos últimos tempos para as construtoras e pegando o dinheiro de volta.
Distratos
Muitos compradores de imóveis na planta tem entrado com ação na Justiça para receber tudo o que pagaram — somente em 22 incorporadoras de São Paulo, o número de processos aumentou 45% no ano passado, para 7 686 casos, e a maioria está ligada a casos de desistência.
E aí cada juiz decide uma coisa: há os que concordam com as empresas, os que suavizam as multas e os que mandam as incorporadoras devolver tudo com juros e correção monetária. Quem está certo? Por incrível que pareça, ninguém — nem empresários, nem juízes, advogados e entidades de defesa do consumidor.
Debandada de corretores de imóveis
Nos últimos cinco anos, cerca de 4 mil corretores de imóveis desistiram da profissão no Distrito Federal, segundo o Sindicato de Habitação do DF (Secovi). Fatores como inflação, desemprego, juros altos e restrição no crédito causaram a retração no mercado imobiliário e uma desaceleração no consumo.
Segundo o vice-presidente do Secovi, Ovídio Maia, o desaquecimento provocou a saída dos profissionais. “Se o corretor de imóveis não fizer poupança e pensar em longo e médio prazos, ele com certeza retornará para sua profissão de origem e irá abandonar o mercado.”