A simples presença dele gera medo e desconforto na equipe de profissionais. Sua chegada torna o ambiente pesado e corrosivo, onde o colaborador passa a produzir sobre a sombra do medo, sem inspiração e mecanicamente. O líder tóxico diminui a importância dos membros da equipe, sufoca talentos e cria uma atmosfera de trabalho pouco produtiva fazendo suas solicitações com o tom de voz alterado, desrespeitando particularidades e produzindo um ciclo vicioso de cobrança e medo.
Quem já conviveu com um líder (líder?) assim sabe o quanto esta relação pode fazer mal para sua saúde, sua família, sua carreira e o quanto é difícil conviver ou até mesmo se livrar da sua presença. Para o corretor ficar atento e (quando possível) evitar o convívio, apontamos aqui algumas das características do líder tóxico, infelizmente um profissional bastante comum no mercado imobiliário.
As metas justificam os meios
O mercado imobiliário é um ambiente dos mais competitivos, as premiações são altas e por isto as metas são agressivas. A diferença entre o líder tóxico e um profissional focado em resultado é que o primeiro enxerga apenas a meta e seu atingimento. Não existe para ele meio termo ou fator externo que possam interferir em seu alvo e para isto, qualquer que seja a atitude é justificada. Se na busca por resultados, seu gestor ultrapassa a fina fronteira entre a pressão por resultados pelo desrespeito a sua dignidade ou seus princípios, pare e avalie se existe a possibilidade de mudar de equipe.
Sutil como um elefante, estrategista como um gafanhoto
A responsabilidade de um corretor de imóveis não termina no momento do fechamento da venda ou no recebimento da comissão. Trabalhar no mercado imobiliário é também ter noção da responsabilidade de atuar em um ramo de atividade de longo prazo que requer acompanhamento de várias etapas. A venda pela venda não deve ou não deveria existir pelo menos. Um gestor que ‘empurra’ goela abaixo mais unidades de determinado empreendimento a um cliente, comprometendo sua capacidade financeira está pouco comprometido com este mercado.
No mercado imobiliário, o processo de vendas é semelhante a uma atividade agrícola, que foi planejada, preparada, plantada e colhida. Caso seu gestor apresente estratégias que mais o aproximem de um gafanhoto, que ataca a colheita sem preocupar-se com o amanhã, ele possui grande chance de ser um líder tóxico.
Cria um ambiente tenso de trabalho
Via de regra, o líder tóxico considera muito pouco ou quase nada a opinião de seus subordinados gerando neles um sentimento de rejeição e baixa estima. Ele é quem manda e acredita que será respeitado se criar um ambiente de medo e tensão em seus comandados. Neste ambiente estressante ele acredita que as pessoas produzirão mediante o medo da cobrança ou da exposição pública.
Coagir, intimidar e punir são atitudes que fazem parte da toxicidade deste gestor. Ele usa a cultura do medo para se manter e possui pouco ou nenhum compromisso com a manutenção de suas equipes.
Pratica o jogo do Ganhar x Ganhar
Para o líder tóxico, o comprometimento com resultados justifica o desrespeito às pessoas. Seu tom de voz, suas palavras e sua postura atingem diretamente o cerne da equipe, dificultando sua capacidade de produção e desenvolvimento.
Para ele não existe mérito, muito menos qualidade na concorrência. Em sua visão, no jogo da negociação, só ele ganha. Só as suas necessidades são as fundamentais e elas serão cumpridas nem que isto curte a tranquilidade de sua equipe.
Se na sua estratégia de trabalho ou na do seu gestor só existe espaço para o jogo do ganha-ganha, aquele em que apenas um dos lados tem vantagens, mais uma vez avalie se é realmente necessário trabalhar com alguém assim.
Liderança tóxica, um problema comum
Apesar de parecer um problema isolado, ultrapassado, de uma era distante, a liderança tóxica é mais comum e danosa do que se imagina. Para se ter uma ideia, o exército dos Estados Unidos, para coibir e lidar com este problema e sua influência negativa sobre suas tropas publicou um manual onde definiu: ‘a liderança tóxica é uma combinação de atitudes egocêntricas, motivações e comportamentos que tem efeitos adversos sobre os subordinados, a organização e desempenho da missão. Este líder não possui preocupação com os outros e com o clima da organização, o que leva a efeitos negativos a curto e a longo prazo.’
Por: Denis Levati
Fonte: Guru do Corretor