Foco, concentração e autodisciplina são essenciais para quem adere ao home office
Ir ao trabalho sem deixar o conforto do lar é o sonho de consumo de muita gente. Uma tendência mundial apontada pelos especialistas é o modelo home office. Não há números que indiquem quantas pessoas aderiram nos últimos anos a esta forma de trabalho, mas já há até multinacionais contratando profissionais para atuarem direto de casa.
O modelo pode ser uma forma de economia, para quem quer começar o próprio negócio, mas é importante lembrar que nem todas as profissões podem ser exercidas dessa forma. Além disso, não são todas as pessoas que se adaptam a trabalhar sozinhas.
O professor e consultor na área de desenvolvimento humano Luiz Vagner Raghi explica que quem tem muita necessidade de contato humano pode sofrer mais se escolher desenvolver as atividades profissionais em casa.
— Aquelas profissões onde há visita aos clientes acabam por sanar a carência social — orienta.
A atividade será melhor desempenhada se existir um ambiente próprio para se trabalhar.
— Não dá para trabalhar bem na cozinha ou na sala. O ideal é que se adapte um local isolado das outras atividades da casa e que seja usado exclusivamente para o trabalho.
Outra questão é a separação entre profissão e convívio familiar. Disciplina e dedicação são essenciais neste caso.
O diretor da Apex Executive Search, Celso Campos, ressalta que o profissional que vai partir para esta forma de trabalho precisa ter foco, concentração, traçar metas de trabalho e ter autodisciplina.
— Um local próprio para se trabalhar é fundamental.
Como benefícios ele destaca o conforto, a liberdade e a privacidade. Além de ser uma forma de driblar o trânsito. Mas é bom ficar atento às características pessoais antes de tomar a decisão de adotar o modelo.
— Dificilmente pessoas extrovertidas, que têm muita necessidade de conviver com outras, conseguem se dar bem em home office — alerta.
Para ele, com as ferramentas da internet e a comunicação cada vez mais modernas, esta é uma tendência mundial que tem tudo para ficar, mas o profissional precisa saber se a empresa que vai contratá-lo para trabalhar é confiável.
Qualidade de vida e ganho financeiro
A rotina do projetista Alfredo Carneiro é como a de qualquer trabalhador. Acorda cedo, a mulher prepara o café, ele enche a caneca e sai para trabalhar. A diferença é que ele anda alguns metros e abre a porta do escritório. Há um ano e meio, o profissional tomou a decisão de montar um home office.
— Comecei usando um quarto, depois adaptei uma sala e construí um banheiro — diz.
Como não há necessidade dos clientes irem até o local de trabalho do profissional, ele chegou à conclusão de que não precisava manter uma sala alugada, como fez durante mais de dois anos.
Assim, economizou no bolso e ganhou em qualidade de vida, porque não enfrenta mais trânsito para ir trabalhar, por exemplo.
— Deveria ter tomado esta decisão antes. Trabalhava a cerca de cinco quilômetros de casa e perdia tempo no deslocamento, além de ter gastos de combustível e com as despesas da sala — explica o empresário, que abriu as portas da Max Estúdio há quatro anos.
No caso de Carneiro, as vantagens foram muitas, mas ele também lembra que é preciso ter muita disciplina para que a rotina da casa não interfira no trabalho.
— Não trabalho de pijama e tenho que policiar minha filha de três anos. Às vezes ela entra no escritório me chamando para brincar — conta.
Um ponto ruim é que ele até tenta seguir um horário como se estivesse trabalhando fora de casa, mas quando se dá conta já se passaram 12, 14 horas e só aí que ele encerra o expediente.
Disciplina para não perder foco
Andressa Kessler mora há três meses em Joinville. Quando chegou à cidade, passou a exercer a profissão de arquiteta em casa. Ela trabalhava em um escritório em Timbó, mas largou o emprego para ter o próprio empreendimento. A solução foi aderir ao home office. Como o mais comum é visitar os clientes, ele não vê problema em ter o escritório onde mora.
— Quando preciso fazer uma reunião, vou no salão de café de uma confeitaria perto de casa.
Assim, consegue economizar com aluguel e com funcionários. Se tivesse um escritório, teria que contratar uma secretária.
— Ou teriade deixar o local fechado quando fosse visitar um cliente.
Como anda sempre com o celular, pode ser facilmente encontrada. A desvantagem é não ser tão vista como seria se tivesse um local com uma placa, por exemplo. Mesmo assim, acredita que fez a melhor escolha.
A arquiteta conta que disciplina é fundamental.
— Começo às 8 horas, como se trabalhasse em uma empresa.
Uma das vantagens é a liberdade para trabalhar. Ela confessa que às vezes trabalha de pijama.
— Quando não preciso sair, às vezes levanto da cama e sento direto na frente do computador para trabalhar.
Ana Paula Fanton
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