Michel Temer quer destravar crédito e baixar juros para imóveis e carros

A equipe econômica do presidente Michel Temer está fechando um pacote de medidas para estimular a economia. Na prática, são ações que retiram travas ao crédito, sobretudo o imobiliário, diante da escassez dos recursos da poupança – principal fonte do setor.

A ideia é autorizar os bancos a usarem 5% das captações da caderneta (entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões) em empréstimos habitacionais fora do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), usando novos indexadores, como Taxa Selic (14,25% ao ano) e índices de preços (IPCA, INPC e IGP), que estão entre 9% e 10% ao ano. Hoje, só é permitido aplicar a TR (Taxa Referencial), mais juros limitados a 12% ao ano.

Para o presidente do Sindicato da Indústria Civil do Espírito Santo (Sinduscon), Paulo Baraona, a melhoria das condições de crédito é positiva, mas os brasileiros só vão voltar a consumir bens duráveis caso sintam confiança no governo, seja ele com Dilma Rousseff (PT) ou Temer.

“O problema do mercado agora não é a falta de condições de crédito, mas a falta de confiança das pessoas em investir. Para se comprar um imóvel, as pessoas precisam ter certeza que não vão ficar desempregada nos próximos meses. Com melhores taxas, as vendas podem voltar a crescer, mas o que é mais necessário agora é os consumidores sentirem segurança na política do país”, afirma.

Segundo Paulo, nos últimos dois anos o setor da Construção Civil fechou mais de 20 mil vagas de trabalho no Espírito Santo. Enquanto que em 2013 eram produzidas cerca de 37 mil imóveis, o último dado da Sinduscon mostra que no último ano foram construídas apenas 20 mil unidades. “Isso não é um aspecto só do mercado imobiliário. Todos setores estão sofrendo quedas com esta recessão”, diz.

Ao substituir a TR por outros indexadores, explicou um técnico da área econômica, o banco consegue transformar a dívida imobiliária, que é de longo prazo, de até 30 anos, em títulos negociados no mercado. É a chamada securitização do crédito. Dessa forma, o banco consegue antecipar o recurso emprestado em prazo relativamente curto (seis meses).

Ele explicou que a instituição financeira poderá usar uma fonte de recursos mais barata (poupança), montar uma carteira e vender esses títulos no mercado, em um efeito multiplicador. O objetivo é antecipar a uma melhora na economia, diante da possibilidade de a taxa de juros começar a cair este ano, bem como a inflação.

Estão previstas também ações para facilitar financiamentos para veículos, pequenas empresas, varejo e comercialização de créditos tributários. Para isso, a equipe econômica estuda reduzir a exigência de capital das instituições financeiras, chamado de Fator de Ponderação do Risco (FPR), para todas as operações com prazos mais longos.

No caso dos financiamentos habitacionais, o alvo seriam clientes de renda alta, dispostos a comprar imóveis que superem os R$ 750 mil fixados no SFH (formado por poupança e FGTS). Com a escassez dos recursos da caderneta, os bancos têm recorrido a fundos como os das Letras de Crédito Imobiliário (LCI) juntamente com a poupança, mas os juros acabam ficando acima de 13% ao ano, durante 30 anos. Substituindo a TR, técnicos estimam que a taxa ficaria em 6% ao ano, mais um índice de preços.

Para especialistas, a medida é positiva para os agentes e investidores, que buscam proteção para aplicações de longo prazo e também para os mutuários, em um ambiente econômico mais favorável.

Fonte: Com informações da Agência O Globo

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